Semana da Consciência Negra se estende por várias unidades da USP

De 16 a 23 deste mês, evento promovido pelo USP Diversidade terá atividades na capital, interior e litoral

 13/11/2019 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 19/11/2019 as 16:29
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Vários temas ligados à temática negra serão discutidos durante a 2ª Semana da Consciência Negra na USP, através da apresentação de palestras, música, cinema e outras atividades – Imagem: Reprodução / USP Diversidade

Dia marcado historicamente pela morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, 20 de novembro é celebrado em todo o Brasil como o Dia da Consciência Negra. O programa USP Diversidade, ligado à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP, e a Faculdade Zumbi dos Palmares homenageiam a data com a segunda edição da Semana da Consciência Negra na USP, que acontece de 16 a 23 de novembro.

O evento tem como objetivo promover um debate sobre a luta de negros e negras, desde a construção do país até hoje. “A Semana da Consciência Negra é uma das várias ações que realizamos ao longo do ano buscando estimular a igualdade e o respeito das diversidades dentro da Universidade”, afirma a coordenadora do USP Diversidade, Ana Paula Morais Fernandes. 

Com atividades em diferentes espaços da Universidade, desde os campi do interior, passando pela capital, até o litoral paulista, a semana promete englobar várias unidades da USP, promovendo a discussão da cultura, da história e da vivência negra. Para Ana Paula, essa integração das instituições é extremamente importante. “A unificação das atividades facilita a organização e a divulgação, conferindo mais visibilidade e peso a elas”, acrescenta Ana Paula. “As unidades e os institutos foram convidados a inscrever suas atividades para o evento e nós ficamos responsáveis por integrar e divulgar tudo.” 

A programação apresenta uma diversidade de formatos, incluindo apresentações de música, exibições de filmes, palestras e rodas de conversas sobre a temática negra. Algumas dessas atividades não se restringem ao período da semana. É o caso da mostra Poder Preto, em cartaz no Cinema da USP Paulo Emílio (Cinusp) desde 4 de novembro até o dia 24.

A exposição Consciência Negra, da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE), também começou antes, no dia 11 de novembro, como aconteceu com a Oficina de Capoeira da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. Mas a maior parte das atividades começa mesmo na próxima semana, valendo destacar a Oficina de Música e Afro-Dança, que acontecerá na Escola de Comunicações e Artes (ECA), na Cidade Universitária, em São Paulo, na segunda-feira, dia 18, às 14 horas.

A terça-feira, dia 19, com 13 atividades, é o dia mais cheio da programação, com ações que vão desde a roda de conversa A Exaustão Psicológica de Ser Negro na Universidade, no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), às 12h30, até a palestra Da Representação das Mulheres Negras no Acervo MAC USP, às 14 horas.

Também na terça-feira, dia 19, serão realizadas atividades ligadas ao Dia da Consciência Negra na Faculdade de Direito, no largo São Francisco, em São Paulo. A partir das 14 horas, naquela unidade, haverá duas oficinas, intituladas Advocacia no Enfrentamento da Discriminação Racial e Elaboração de Habeas Corpus Preventivo. Três debates, às 18, às 19 horas, e às 20 horas, terão como temas de discussão, respectivamente, “Gênero e Etnia Interseccionalidades – Direitos Humanos Negados e Violências Naturalizadas”, “Regimes Jurídicos da Prostituição” e “Discriminação Racial: Medidas Punitivas e Medidas Inclusivas”.

Outro ponto alto da semana é a apresentação do tenor Jean William, no sábado, dia 23, às 15 horas, no Engenho dos Erasmos, em Santos. No programa estão obras que retratam a cultura e a arte dos povos afrodescendentes, como Porgy and Bess, de George Gershwin, Treemonisha, de Scott Joplin, canções do folclore brasileiro arranjadas por Heitor Villa-Lobos e temas do jazz e do negro spiritual, como Amazing Grace.

Para encerrar a Semana da Consciência Negra, no dia 26, às 14 horas, no Centro de Biologia Marinha (Cebimar) da USP, em São Sebastião, acontecerá a roda de conversa Raiz Negra: A Visão da Cultura Negra Através da Capoeira Angola.

Consciência Negra

Zumbi dos Palmares, último líder do Quilombo dos Palmares e símbolo de resistência da luta negra – Montagem / Pintura: Antônio Parreiras e Pedro Celso Cruz de Souza via Wikimedia Commons

A Lei n° 12.519, de 10 de novembro de 2011, oficializou a criação do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, ou simplesmente Dia da Consciência Negra, celebrado nacionalmente em 20 de novembro. A data marca o assassinato, em 1695, de Zumbi dos Palmares, que depois se tornou um dos maiores símbolos de luta para o movimento negro. 

Nascido em Palmares, Zumbi foi capturado e mandado a um sacerdote logo cedo, aprendeu português e latim até os 15 anos, quando conseguiu fugir e voltar à sua terra. Lutando contra a escravidão e abrigando todo tipo de gente que lhe pedia abrigo, tornou-se o líder mais famoso de seu quilombo, onde também ganhou o nome pelo qual é conhecido hoje e que significa “a força do espírito presente”.

Sua história é evocada até hoje como marco da luta negra contra a escravidão, e a data em que sua morte é rememorada tem o intuito de promover uma reflexão sobre o papel do negro na construção da sociedade brasileira, de sua cultura e de sua história. Para isso, além de instituir uma data oficial, a lei também tornou obrigatório o estudo sobre história e cultura afro-brasileira nas escolas.


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