Professores da USP participam de coletânea sobre grandes filósofos da história

Em linguagem acessível ao público leigo, livro recém-lançado traz as principais ideias de pensadores como Descartes, Kant, Nietzsche, Heidegger e Sartre

 17/05/2016 - Publicado há 8 anos     Atualizado: 18/05/2016 as 17:21
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20160516_19Cinco professores da USP participam de uma recém-lançada coletânea que representa uma ótima introdução à filosofia. Organizado por Mario Vitor Santos, diretor executivo da Casa do Saber, em São Paulo, o livro Pensadores reúne 13 ensaios sobre filósofos de diferentes épocas, da Antiguidade à contemporaneidade, sempre em linguagem simples e acessível ao público leigo. O livro é resultado de conferências dadas pelos autores na Casa do Saber. Os professores da USP que publicam textos na obra são Vladimir Safatle, Maria Lúcia Cacciola, Franklin Leopoldo e Silva, Scarlett Marton – todos do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) – e Clóvis de Barros Filho, da Escola de Comunicações e Artes (ECA).

20160516_22Um dos principais méritos do livro está em que os artigos expõem as ideias e concepções dos filósofos de forma clara, sem academicismos. Tome-se, por exemplo, o ensaio escrito por Franklin Leopoldo e Silva, que aborda o pensador existencialista francês Jean-Paul Sartre (1905-1980).

Didaticamente, Leopoldo e Silva mostra que o existencialismo é a filosofia que inverte a ordem habitual presente em todas as definições sobre o ser, que afirmam que a essência precede a existência. No caso do ser humano, diz Sartre, é a existência que precede a essência. Isso acontece porque, segundo o pensador francês, inexiste um “artífice” que, ao criar os seres, conferiria a eles também uma causa formal e uma finalidade – uma “essência” –, como formulado pelo filósofo grego Aristóteles (384-322 a. C.).

20160516_20Para Sartre, ter uma essência significa ter uma determinação. Ou seja, os seres seriam determinados para esta ou aquela finalidade. Destituído de uma essência, o ser humano tem como característica a indeterminação, que, para Sartre, é o mesmo que liberdade: o homem não está preso a obedecer a metas predeterminadas, mas pode construir o seu próprio destino e sua própria essência. “O homem é o ser cujo ser está permanentemente em questão”, escreve Sartre em O Ser e o Nada.

A dúvida é aplicação de um critério lógico ao conhecimento empírico.

20160516_23O mesmo estilo claro, informativo e atraente está presente nos outros textos publicados no livro recém-lançado. Sobre o filósofo francês Renée Descartes (1596-1650) – um dos pais do racionalismo moderno –, o professor Vladimir Saflate lembra que o autor do Discurso do Método considera que o processo de formação subjetiva passa, primeiro, por um movimento de anulação do saber, a fim de eliminar os falsos conhecimentos obtidos através dos precários sentidos humanos. Para isso, é preciso radicalizar ao máximo a dúvida sobre as coisas e transformá-la num método, que está submetido a uma ordem matemática das razões. “Essa dúvida, que não reconhece ‘graus’ de verdade e só se detém diante do indubitável, é uma dúvida que obedece muito mais a critérios lógicos (que dá a cada proposição um valor de verdade) do que a critérios advindos da pesquisa empírica”, escreve Safatle. “Ela é aplicação de um critério lógico ao conhecimento empírico.”

20160516_21Baruch (Benedict) de Spinoza (1632-1677) é o filósofo analisado pelo professor Clóvis de Barros Filho. Maria Lúcia Cacciola assina dois artigos, sobre Immanuel Kant (1724-1804) e Friedrich Nietzsche (1844-1900). Nietzsche é tema também do ensaio da professora Scarlett Marton.

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Além dos textos dos professores da USP, Pensadores traz artigos de Donaldo Schüler, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Luís Mauro Sá Martino, da Faculdade Cásper Líbero, Mauricio Pagotto Marsola, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Luiz Felipe Pondé, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo e da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), Carlos Arthur do Nascimento, também da PUC-SP, Júlio César Pompeu, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e Oswaldo Giacoia Junior, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Seus ensaios abordam, respectivamente, os filósofos pré-socráticos, Sócrates, Aristóteles, Santo Agostinho, Tomás de Aquino, Maquiavel e Martin Heidegger.

Pensadores, de Mario Vitor Santos (organização), Editora Realejo, 286 páginas.

 


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