Pesquisa em museus universitários é tema de seminário on-line

Pesquisadores do Brasil e do exterior vão debater o tema nesta quinta e sexta-feira, a partir das 14 horas

 18/05/2021 - Publicado há 3 anos
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Webinário – Realização MAC

Um museu universitário se fundamenta na formação e nas pesquisas, que são essenciais para a construção e o desenvolvimento do conhecimento em várias áreas. Por isso, o seminário on-line Curadoria em Debate: a Pesquisa em Museus Universitários traz palestrantes do Brasil e do exterior para discutir os desafios da prática curatorial em museus universitários de diversas tipologias. O evento acontece nesta quinta e sexta-feira, dias 20 e 21, a partir das 14 horas, com transmissão ao vivo pelo Youtube. O seminário é uma iniciativa do projeto temático Coletar, Identificar, Processar e Difundir: O Ciclo Curatorial e a Produção de Conhecimento, financiado pela Fapesp e coordenado pela professora Ana Gonçalves Magalhães, diretora do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP.

Nas quatro mesas do seminário serão discutidos temas “candentes” no momento atual, nas palavras da professora Ana Magalhães. A primeira delas, nesta quinta-feira, dia 20, às 14 horas, terá como tema a curadoria digital, que será abordada pela professora Corrie Saux Moreau, da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, e pelos professores Dalton Lopes Martins, da Universidade de Brasília (UnB), e Bruno Moreschi, pós-doutorando da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP e um dos coordenadores do Projeto Gaia de Inteligência Artificial, do Centro Inova USP. Eles vão se debruçar sobre as tecnologias digitais como instrumento de produção de conhecimento e as estratégias de disponibilização de acervos para o público.

“O termo curadoria tornou-se, nos últimos anos, muito disseminado, sendo apropriado por vários campos disciplinares e mesmo por atividades não especializadas”, explica a professora Ana Magalhães. No projeto e no evento, pretende-se discutir o termo enquanto “prática de pesquisa no trato e na gestão de acervos culturais”, diz ela.

Ana Gonçalves Magalhães, diretora do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

No mesmo dia, às 16 horas, a segunda mesa do seminário terá a participação de Cynthia Schwarz, conservadora da Galeria de Arte da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e de Carlos Appoloni, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná, que vão discutir “em que medida o desenvolvimento e integração de diferentes tecnologias têm permitido a utilização de ferramentas eficazes na conservação e identificação de acervos de museus”, como se lê no site do projeto.

Já no dia 21, sexta-feira, às 14 horas, a terceira mesa abordará a prática da curadoria compartilhada, “examinando em que medida ela contribui para o reconhecimento, valorização e difusão da diversidade de comunidades humanas, de saberes, visões de mundo e lugares de fala, questionando narrativas oficiais, eurocêntricas e verticalizadas”, de acordo com o site do projeto. O tema será debatido por Marília Cury, do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP, Gustavo Ortiz Serrano, do Museu de Arte Contemporânea de Bogotá, na Colômbia, Maria Dulce Gaspar, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Claudia Vitalino, da União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro).

Ainda no dia 21, o seminário que começará às 16 horas abordará a questão da repatriação de acervos. “As reivindicações de propriedade de bens culturais que foram retirados de seus territórios de origem se intensificaram nos últimos anos e impuseram novos desafios e reflexões aos museus contemporâneos”, descreve o site. Estarão presentes os professores Benoît de L’Estoile, da Escola Normal Superior de Paris, Antoine Gournay, da Universidade de Sorbonne, também em Paris, e Rodrigo Christofoletti, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). 

 A pesquisa em museus universitários

A pesquisa em museus universitários está inteiramente imbricada na constituição, tratamento e gestão dos acervos”, diz Ana. A professora explica que, para ela e seu grupo de pesquisa, a curadoria constitui-se em um ciclo que engloba “desde a coleta de artefatos da cultura material, sempre informada pelas questões postas pela pesquisa, até sua difusão”.

Para Ana, “museus universitários devem ser entendidos como laboratórios, nos quais os fluxos museológicos necessariamente implicam decisões pactuadas pelo debate crítico e pela indagação científica”. Ela afirma que, de certa maneira, os museus nasceram dentro das universidades, na era moderna. Hoje, são “aliados muito potentes” dessas instituições de ensino.

Um exemplo de novas práticas curatoriais: exposição do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP, em 2019, teve curadoria compartilhada com comunidade indígena – Foto: MAE

A professora cita algumas pesquisas significativas feitas nos museus da USP, como a experiência de curadoria compartilhada da professora do MAE Marília Xavier Cury, também participante do seminário. Esse trabalho, feito em 2019 com a comunidade indígena kaingang, envolveu “a catalogação, documentação e exposição de artefatos dessa etnia, pertencentes ao acervo do MAE”. Ana também destaca uma parceria entre o Museu Paulista da USP e a Wikimedia para registro e divulgação do acervo. 

Já no MAC, Ana diz que o projeto temático Coletar, Identificar, Processar e Difundir permitiu a criação de um repositório digital para gerenciamento do acervo e o estabelecimento de um núcleo inicial de laboratório de preservação digital. Além disso, a participação do Laboratório de Física Nuclear Aplicada do Instituto de Física da USP no projeto tem possibilitado a coleta de dados para a constituição de uma base de estudo material dos objetos examinados nas coleções. Em 2018, essa parceria permitiu que o MAC participasse de “um dossiê sobre a materialidade e os procedimentos de Amedeo Modigliani, realizado no contexto de uma retrospectiva do artista”, que foi organizado pela Tate Modern, uma das galerias do Museu Nacional de Arte Moderna do Reino Unido, e divulgado na Burlington Magazine, publicação acadêmica inglesa que cobre arte.

O projeto Coletar, Identificar, Processar e Difundir: O Ciclo Curatorial e a Produção de Conhecimento reúne docentes e pesquisadores dos quatro principais museus da USP — o MAC, o MAE, o Museu Paulista e o Museu de Zoologia —, do Instituto de Física da USP e do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O grupo vem discutindo “práticas curatoriais interdisciplinares e sua importância para a pesquisa, dentro da especificidade do museu universitário”, segundo a professora Ana Magalhães.

O seminário on-line Curadoria em Debate: a Pesquisa em Museus Universitários acontece nesta quinta e sexta-feira, dias 20 e 21, com transmissão ao vivo pelo Youtube. O evento é gratuito, sem necessidade de inscrição. Mais informações estão disponíveis no site do projeto temático Coletar, Identificar, Processar e Difundir: O Ciclo Curatorial e a Produção de Conhecimento.


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