Os muitos Bixigas que fazem do bairro um lugar único

Vídeo sobre o bairro produzido por alunos da USP é premiado em congresso de comunicação

 01/07/2019 - Publicado há 5 anos
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Escadaria do Bixiga, na região central de São Paulo – Foto: Dornicke via Wikimedia Commons / GFDL

Nas aulas de Projetos em Televisão do curso de Jornalismo da Escola de Comunicações e artes (ECA) da USP, ministradas pela professora Mônica Rodrigues Nunes, dez alunos decidiram fazer um trabalho para mostrar o bairro do Bixiga, na região central de São Paulo. Mas de uma maneira diferente: evidenciando as diferenças que compõem o local, oficialmente chamado de Bela Vista.

A proposta do trabalho era produzir uma série de vídeos considerando o aprendizado nas aulas. Os alunos realizaram os processos de montar o roteiro, captar informações, registrar imagens e editar o conteúdo. O resultado foi o vídeo Bixiga; Um Bairro de Muitas Faces, em cinco episódios, intitulados , Cozinha, Sons, ArteO Que é o Bixiga Para Você?

“Buscamos também apresentar as histórias apagadas da região, que muitas vezes são deixadas de lado pela cobertura midiática tradicional e pelo apelo turístico muitas vezes superficial da área”, comenta a aluna Fernanda Giacomassi, uma das autoras do trabalho, em texto publicado no site da ECA.

Esse aspecto destacado por Fernanda é visível na produção. Quando trata sobre a fé, tema do primeiro episódio, por exemplo, o grupo relata a importância da Igreja de Nossa Senhora da Achiropita e, ao mesmo tempo, dá relevância à Pastoral Afro e aos segmentos de religiões de matrizes africanas que existem no local, bem como retrata o histórico da população negra que estava presente antes da chegada dos italianos.

A Rua Treze de Maio, no Bixiga – Foto: Dornicke via Wikimedia Commons / GFDL

Tema do segundo episódio, a cozinha também revela a diversidade do bairro. Com forte influência italiana, o bairro conta com as suas famosas cantinas. Além delas, o grupo explorou os restaurantes nordestinos que podem ser encontrados no Bixiga. No episódio, aparece a figura de Walter Taverna, um dos líderes locais, responsável pela realização de várias atividades culturais.

Quando o vídeo aborda os sons do bairro, no terceiro episódio, o samba da Escola de Samba Vai-Vai, sediada no Bixiga, se junta ao jazz e ao rock que se apresentam regularmente ali.

Já a arte, por muito tempo representada pelos teatros – o que deu ao bairro o apelido de “Broadway Paulistana”, em referência à famosa rua de Manhattan -, enfrenta dilemas: o histórico Teatro Oficina sofre atualmente a ameaça da especulação imobiliária, como mostra o quinto episódio da série. O mesmo tema foi analisado pelo professor Guilherme Wisnik na Rádio USP (disponível aqui).

O quinto e último episódio da série aponta que as diferentes histórias e visões sobre o Bixiga justificam as opiniões que se formam sobre ele. “Um estado de espírito”, “Chão de muitos povos”, “Uma sensação nova todos os dias”, “Um caldeirão que ferve”,”Um coração” e “Amor de todos” são algumas definições trazidas pelas pessoas entrevistadas e que vivem diariamente no Bixiga.

Teatro Oficina, localizado no Bixiga – Foto: Divulgação/Marcos Camargo

Premiação

Os alunos da USP José Paulo Gomes (à esquerda) e Fernanda Giacomassi recebem prêmio pelo vídeo em congresso de comunicação  – Foto: Divulgação / Rosane Zanotti

No início de junho passado, o trabalho dos alunos da ECA foi premiado na Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom), durante o 24º Congresso de Ciências da Comunicação da Região Sudeste, organizado pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) e realizado na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Bixiga; Um Bairro de Muitas Faces foi contemplado na modalidade Produção Laboratorial em Videojornalismo e Telejornalismo. Na ocasião, o grupo foi representado por dois alunos, Fernanda Giacomassi e José Paulo Gomes.

Os dez alunos autores do vídeo são: Álvaro Neto, Diego Smirne, Diogo Magri, Fernanda Giacomassi, Gabriel de Campos, José Paulo Gomes, Marcos Pomar, Mateus Feitosa, Nelson Neto e Vinícius Sayão.

Com informações da Escola de Comunicações e Artes da USP


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