Orquestra Sinfônica da USP volta a exibir o Ciclo Bach-Haynes

Terceiro concerto da série “Manhãs no Café Zimmermann” acontece nesta sexta-feira, dia 30, às 12h30, na Cidade Universitária

 28/09/2022 - Publicado há 2 anos
A Orquestra Sinfônica da USP – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Nesta sexta-feira, dia 30, às 12h30, a Orquestra Sinfônica da USP (Osusp) apresenta a terceira edição de Manhãs no Café Zimmermann, uma série de concertos com obras do compositor alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750) e arranjos de músicas de Bach feitos pelo músico e musicólogo canadense Bruce Haynes (1942-2011). A apresentação vai ocorrer no Anfiteatro Camargo Guarnieri, na Cidade Universitária, em São Paulo.

Nesta terceira edição de Manhãs no Café Zimmermann, a Osusp vai executar o Concerto de Brandenburgo Número 2 em Fá Maior (BWV 1047) e o Concerto de Brandenburgo Número 4 em Sol Maior (BWV 1049), de Bach. Dos arranjos feitos por Haynes, a orquestra exibe o Concerto de Brandenburgo Número 8 e o Concerto de Brandenburgo Número 10. Esses arranjos de Haynes foram criados a partir de trechos de cantatas de Bach, que o músico canadense transformou em concertos.

Os Concertos de Brandenburgo de Bach têm forte influência do compositor italiano Antonio Vivaldi (1678-1741), um dos criadores do chamado “concerto veneziano”, caracterizado por ter três movimentos – um rápido, um lento e um rápido -, como acontece nas duas obras de Bach que a Osusp vai tocar nesta sexta-feira. O primeiro movimento do Concerto de Brandenburgo Número 2 – um alegro -, entretanto, deixa para trás a forma de ritornelo simples também típica dos concertos vivaldianos e é, de fato, uma das mais complexas estruturas de todos os concertos de Bach, como afirma o musicólogo inglês Malcolm Boyd (1932-2001) no livro Bach – The Brandenburg Concertos.

A forma de ritornelo é explorada ao máximo no primeiro movimento, também um alegro, do Concerto de Brandenburgo Número 4 em Sol Maior (BWV 1049), como observa Malcolm Boyd. Já o terceiro movimento dessa obra, presto, é exemplo da mais estreita combinação entre o ritornelo e a fuga em toda a música de Bach, ainda de acordo com o musicólogo inglês. Esse presto constitui, segundo Boyd, “uma genuína e bem-sucedida tentativa de obter uma fusão, mais do que uma mera mistura, entre essas duas estruturas tão diferentes, pode-se dizer até opostas”.

O compositor alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750) - Foto: Reprodução/Wikimedia Commons
O compositor canadense Bruce Haynes - Foto: Reprodução/Flickr

O Café Zimmermann citado no título do evento se refere ao estabelecimento comercial em Leipzig, na Alemanha, de propriedade de Gottfried Zimmermann – o Zimmermannsches Kaffeehaus -, onde Bach dirigia os concertos do Collegium Musicum, uma sociedade de músicos e amantes da música que se reunia semanalmente naquele local para tocar e apreciar a arte musical. Além de atuar como Kantor (diretor de música) da Igreja luterana de Sankt Thomas, em Leipzig, Bach foi diretor do Collegium Musicum entre 1729 e 1741 – com um intervalo de dois anos nesse período – e, nessa função, exibiu no Café Zimmermann obras de sua autoria para cravo, violino e outros instrumentos, algumas pela primeira vez. Os seus seis Concertos de Brandenburgo já estavam concluídos em 1721, quando o compositor alemão os dedicou ao margrave Chistian Ludwig, da corte de Brandenburgo. 

Oboísta, especialista em performance musical histórica e professor das Universidades de Montreal e McGill, no Canadá, Bruce Haynes produziu um disco – lançado em 2011, pouco depois da sua morte – com seis New Brandenburg Concertos, que numerou de 7 a 12. Ele compôs essas obras com arranjos de movimentos concertantes de cantatas de Bach, fazendo o mesmo que o compositor fazia, mas de forma inversa: enquanto Bach transformou trechos de suas obras instrumentais seculares em música sacra, Haynes utilizou movimentos de cantatas de igreja para criar música instrumental secular. “Esses concertos não significam reconstruções sérias”, escreveu Haynes na capa do disco. “Eles são meramente tentativas especulativas de demonstrar as possibilidades do tratamento instrumental do rico recurso de invenções musicais de Bach contido nas cantatas e em outras obras vocais.”

3º Encontro Manhãs no Café Zimmermann, com a Orquestra Sinfônica da USP (Osusp), acontece nesta sexta-feira, dia 30, às 12h30, no Anfiteatro Camargo Guarnieri (Rua do Anfiteatro, 109, Cidade Universitária, em São Paulo). Grátis. Ingressos podem ser obtidos neste link (clique aqui).


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.