Obra registra a beleza e a harmonia de um dos melhores parques urbanos do mundo

O professor Francisco Alambert, do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, apresenta, no livro Parque Ibirapuera – 60 Anos, o dia a dia desse reduto de lazer e cultura da cidade, que, com sua imensa área verde e seus museus e espaços de exposição, atrai turistas do Brasil e do exterior

 03/06/2016 - Publicado há 8 anos
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Parque do Ibirapuera - Foto: Igor Schutz/Wikimedia Commons
Parque do Ibirapuera – Foto: Igor Schutz/Wikimedia Commons

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Correr, desfrutar da beleza dos três lagos e, enquanto descansa, poder apreciar as exposições do Museu de Arte Moderna (MAM), do Museu de Arte Contemporânea (MAC) e do Museu Afro Brasil. Ou ouvir apresentações de música no auditório, com os detalhes intrigantes da arquitetura de Oscar Niemeyer. No ritmo desse roteiro, que já faz parte do cotidiano da cidade, os frequentadores podem não se dar conta, mas estão em um dos oito parques considerados entre os melhores do mundo.

20160603_ibirapuera_capa“Como assim? O Ibirapuera? Mais bonito que o Hyde Park? Que o Central Park?” A esse questionamento, o professor Francisco Alambert, do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, responde com o livro Parque do Ibirapuera – 60 Anos, lançamento bilíngue (inglês-português) da Editora Brasileira de Arte e Cultura. Na verdade o Parque vai completar, em agosto, 62 anos. Mas que se renovam a cada dia.

“Que fascínio tem esse lugar? Em 2014, um dos sites de viagens mais populares do mundo, o TripAdvisor, elegeu o Parque do Ibirapuera como o oitavo melhor parque do mundo e o segundo melhor ponto turístico do Brasil, depois do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro”, observa o professor. “O resultado seria comprovado e melhorado no ano seguinte, pelo jornal britânico The Guardian, que elaborou uma lista com os dez melhores parques do mundo, entre eles o Ibirapuera.”

O professor explica que, aos olhos dos especialistas ingleses, o parque era uma espécie de oásis na cidade gigantesca de concreto e sem mar. “Destacou-se sobretudo o paisagismo inovador de Burle Marx, que combinou uma espacialidade cubista em um cenário quase surrealista, através de seus profundos conhecimentos tanto de arte moderna quanto da botânica nacional. Segundo o jornal, o parque é exuberante, curvilíneo e contém espaços inusitados em suas formas e funções, como a Oca e o pavilhão das artes da Bienal de São Paulo, projetados por Oscar Niemeyer.”

 

Um sonho verde

Francisco Alambert, professor do Departamento de História da FFLCH - Foto: Francisco Emolo/USP Imagens
Francisco Alambert, professor do Departamento de História da FFLCH – Foto: Francisco Emolo/USP Imagens

Construir um parque moderno para a cidade ao estilo do Central Park de Nova York é um sonho que vem desde os anos 1920, do então prefeito Pires do Rio. “Já na década de 1930, o famoso Plano de Avenidas de Prestes Maia previa uma área de 2 milhões de metros quadrados para o parque, que hoje conta com 1,6 milhão de metros quadrados”, lembra Alambert. “Por isso, em 1936, uma área na entrada do futuro parque se transformaria em uma praça que abrigaria o Monumento às Bandeiras, que seria inaugurado em 1953, encomendado ao escultor modernista Victor Brecheret.”

O Parque Ibirapuera – nome que, em tupi, significa “mata extinta” – foi inaugurado em 1954, para comemorar os 400 anos de São Paulo. Para garantir o brio do projeto, foram chamados o arquiteto Oscar Niemeyer e o paisagista Roberto Burle Marx. O sonho, segundo Alambert, custou caro: cerca de 80% da verba da Comissão do IV Centenário. A identidade cultural do parque começou com a 2ª Bienal Internacional de São Paulo, dirigida por Sérgio Milliet.

20160603_ibirapuera_guardian“De lá para cá o Ibirapuera tornou-se um signo de contradição com os rumos e desvios da cidade que o abrigou”, afirma Alambert. “Um lugar para o sonho acordado, para o descompromisso em uma cidade que cultua o trabalho. Um lugar para o dia em uma cidade que cultua sua noite. Um espaço que abriga cerca de 120 espécies de aves dentro da cidade que se orgulha de ter a maior frota de helicópteros do mundo.”

O professor faz uma crítica, ressaltando que o parque dá mais para a cidade do que recebe dela. “Ela e sua ganância já o feriram como podiam. Sua área foi cortada por avenidas, muitos de seus prédios foram, por décadas, usados para motivos que em nada serviam para os fins desse lugar, suas águas foram poluídas. Mas o parque resistiu e resiste. E se reinventa, geralmente lutando para ser o que se sonhara.”

O livro Parque Ibirapuera – 60 Anos é um convite ao leitor para andar, correr, contemplar. Suas 200 páginas percorrem todo o parque com fotos coloridas que destacam a arquitetura e a paisagem. Do nascer ao pôr do sol, um roteiro dos melhores do mundo.

 

Parque Ibirapuera – 60 Anos, de Francisco Alambert, Editora Brasileira de Arte e Cultura, 200 páginas, R$ 80,00

 

 

 


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