Obra analisa capas de livros didáticos do século passado

Estudo reúne diferentes técnicas utilizadas pelos designers e evidencia a importância imagética dessas publicações

 26/02/2018 - Publicado há 6 anos
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Capa do livro Design de Capas do Livro Didático, de Didier Dias de Moraes, lançado pela Editora da USP – Foto: Reprodução / Didier Dias de Moraes

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Você julga um livro pela capa? Didier Dias de Moraes defendeu tese de doutorado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP sobre o design das capas de exemplares didáticos no País. Tendo como base as produções da Editora Ática durante as décadas de 1970 e 1980, Moraes examinou técnicas e estratégias para estabelecimento do que foi designado como uma “nova visualidade”. A tese virou livro e foi publicada pela Editora da USP (Edusp), com o título 
Design de Capas do Livro Didático — A editora Ática nos anos 1970 e 1980.

A obra de Moraes chega com argumentos que provam a importância imagética nos livros didáticos. Com foco nas capas, o estudioso afirma que o visual não deve ficar em segundo plano nas publicações.

A época escolhida para basear o estudo — a década de 1970 — não é aleatória. Foi naquela época que designers americanos começaram a trabalhar em torno do conceito chamado visual literacy — a competência de especialistas e espectadores de interpretarem mensagens visuais. Também no início da década mencionada, ao lado da consolidação das televisões, houve uma grande expansão da indústria cultural de massa e a chegada de novos movimentos jovens, colaborando ainda mais para reafirmar a importância das imagens.

“Eu me lembro do impacto causado pelo lançamento da revista Realidade em 1966, com páginas ilustradas em quantidade praticamente igual à das páginas de textos verbais”, cita o editor Jiro Takahashi, no prefácio do livro.

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Além da minuciosa análise da página que mais importa em um livro — a primeira —, Moraes tem o cuidado de estudar todo o ambiente em que as capas estavam sendo produzidas. Caminhando das redações da Editora Ática ao cotidiano nacional, o pesquisador alinha fatos e necessidades — tanto internas quanto externas — para chegar naquilo que foi definido como o produto final e afirmar que as capas não eram produzidas casualmente.

No seu livro, Didier separa as capas documentadas em três categorias: tradicionais, novas e inovadoras. Cada grupo com seus padrões e diferentes relevâncias. O livro revela também análises de designers e técnicas como montagens fotográficas e fotografias, ilustrações e ilustrações de humor, referências e os cartuns.

Muito mais que um estudo, a publicação serve de registro para a memória editorial brasileira, reconhecida pelo autor em sua apresentação como “escassa”, uma vez que, no Brasil, raros são os livros que falam simplesmente sobre outros livros.

Design de Capas do Livro Didático, de Didier Dias de Moraes, Edusp/Com Arte, 296 páginas, R$ 68,00
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