O tempo não para. E a arte também não

Na pandemia, artistas on-line se reúnem numa exposição que recria o contemporâneo

 13/07/2020 - Publicado há 4 anos
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Imagem: Jornal da USP utilizando imagens da Gal Art

O tempo não para. E a arte também não

Na pandemia, artistas on-line se reúnem numa exposição que recria o contemporâneo

Por Leila Kiyomura

13/07/2020

O trabalho de 25 artistas pode ser visitado na exposição on-line #GALTSKEOVER, no Instagram. A mostra organizada pela Gal Arte e Pesquisa surpreende pela diversidade contemporânea de estilos, temas e ideias. Os artistas, com suas singularidades, pintam um painel sobre o tempo que estamos atravessando. A maioria deles atua em Minas Gerais, com projeção no Brasil e no exterior.

As linhas do mineiro Alisson Damasceno, 38 anos, que vive e trabalha em Belo Horizonte, surpreendem com uma paisagem em branco e preto. Em seu trabalho propõe, como ele próprio define, relações entre corpo e presença. E expressa os seus questionamentos como artista, professor e pesquisador.

Também a baiana Artemis Garrido, 30 anos, pinta, talvez, o seu próprio retrato na pele de uma mulher negra, observando atrás de um muro grafitado. Emociona pela expressividade do olhar. A artista é bacharel em Artes Plásticas, com habilitação em Pintura, na Escola Guignard  da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) e especialista em Saúde do Adolescente pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Explora, segundo ela própria define, “a fotoperformance como mecanismo para abordar a realidade das cenas de uso de drogas através da arte”.

Há também o coletivo As Talavistas, com a foto de uma performance questionando o espectador sobre as próprias fantasias, valores e posturas. Quem  assiste ao grupo fica à vontade para interpretar. Esse coletivo é independente de qualquer produção estética e integrado por quatro artistas de Belo Horizonte: Marli Ferreira, Pink Molotov, Richard Willian e Darlene Vale. Eles destacam a valorização das africanidades como resistência.

Arte de Binho, fotografada por Laura Barbi (Disponível em Gal Art)

Os anseios do homem são manifestos em obras de arte sensíveis, complexas e de claro caráter crítico e denunciador."

Arte de Eduardo Recife, fotografada por Laura Barbi (Disponível em Gal Art)

“Somos confrontados a descobrir quem somos, abrir caixas perdidas, ver o lado mais escuro da alma humana e, ao mesmo tempo, enxergar o belo em meio à sujeira que existe dentro de nós.” Com essa reflexão, Eduardo Recife, 40 anos, mineiro de Belo Horizonte, busca a sua arte. “Os anseios do homem são manifestos em obras de arte sensíveis, complexas e de claro caráter crítico e denunciador”, acredita.

O artista vive e trabalha em Brumadinho, tem formação em Design no Grand Central Atelier de Nova York, nos Estados Unidos. A inquietude de “buscar os caminhos da alma humana” resulta em um desenho sensível, que integra o lírico ao contemporâneo, apresentado em duas mostras individuais na Diane Von Furstenberg, também de Nova York, em 2018, e na London Art Fair, em 2019.

Os trabalhos reunidos no site podem ser visitados e observados. Importante conhecer também o caminho que os artistas percorrem através de suas biografias e depoimentos. “Com o início do isolamento social provocado pela pandemia de covid-19, a classe artística no Brasil e no mundo se viu, de repente, diante de um desafio. Como mostrar seu trabalho, que antes era feito através de apresentações e exposições, de modo democrático e pertinente não só para quem já o acompanha como também para novas audiências?, indaga Laura Barbi, fundadora e curadora da Gal. “Foi aí que surgiu esta iniciativa. Em um momento em que o Instagram passou a ser um dos maiores canais e ferramentas de comunicação interpessoal na web, com conversas, cursos, palestras, performances, shows através de lives ou transmissões ao vivo, decidimos criar e compartilhar um conteúdo voltado para as artes visuais que ao mesmo tempo conecta artistas, colecionadores, estudantes e seguidores.”

Laura explica que takeover é o termo usado para quando um artista assume o conteúdo das postagens de outro no Instagram. “A ideia foi convidar tanto artistas que já fazem parte do casting da Gal como também aqueles cujo  trabalho acompanho há algum tempo e que têm uma pesquisa consistente a ser compartilhada. Assim, ajudamos a ampliar e dar protagonismo aos artistas, aproximando os seguidores de sua produção.”

A mostra #GALTSKEOVER está disponível no Instagram.

Acesse o site da Gal Art

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