Florestan 100 anos

Texto: Roberto C. G. Castro
Arte: Moisés Dorado

O sociólogo Florestan Fernandes – que lecionou na USP de 1945 a 1969, quando foi aposentado compulsoriamente pela ditadura militar, e formou gerações de cientistas sociais – completou 100 anos no dia 22 passado. Morto em 1995, aos 75 anos de idade, ele teve uma vida marcada pela miséria e pela desigualdade – situações que viveu na infância e combateu ao longo de sua trajetória acadêmica.

Florestan ficou conhecido como o fundador da chamada “escola paulista de sociologia”. Integrado por sociólogos como Fernando Henrique Cardoso, Maria Sylvia de Carvalho Franco, João Baptista Borges Pereira e José de Souza Martins, entre outros – todos discípulos de Florestan -, esse grupo foi responsável pela elaboração de uma nova visão sobre a sociedade brasileira, que de forma crítica e realista lançou luzes sobre temas como o processo de modernização do País, a relação entre negros e brancos, a desigualdade social e a exclusão de índios, migrantes e pobres.

Diferentemente do que sustentavam teorias sociais à época, o mestre e seus discípulos mostraram que o Brasil abriga largos bolsões de miséria porque seguiu um modelo de desenvolvimento excludente – e não porque tardou em se industrializar – e constitui uma nação marcada por um racismo profundo e persistente – muito distante de uma “democracia racial”. Eles insistiram também no fortalecimento da educação pública, gratuita, laica e universal como uma forma efetiva de formar uma sociedade mais justa e menos desigual.

Essas e outras contribuições estão presentes nos cerca de 50 livros e mais de 200 artigos publicados por Florestan. Obras como Mudanças Sociais no Brasil, de 1960, A Integração do Negro na Sociedade de Classes, de 1965, e A Revolução Burguesa no Brasil, de 1975, se tornaram clássicos da sociologia brasileira.

Em comemoração ao centenário de Florestan Fernandes, o Jornal da USP publicou ao longo das últimas semanas a série de reportagens Florestan 100 Anos, reunida abaixo. Ela aborda vários aspectos da vida e da obra do sociólogo, através de entrevistas com ex-alunos de Florestan – entre eles, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso -, artigos e fotografias. É um dossiê que presta justa homenagem a um dos grandes professores da USP e um dos maiores pensadores da história do Brasil. 


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