O professor Martin Grossmann continua a série sobre sua recente visita ao México em sua coluna Na Cultura, o Centro Está Toda Parte, na Rádio USP. “Compartilho com os ouvintes a experiência que tive ao visitar os edifícios coloniais na capital do país e em Guadalajara, onde há muitos murais monumentais produzidos ao longo do século 20 por destacados artistas mexicanos”, observa. Grossmann comenta especialmente o trabalho de José Clemente Orozco.
O colunista faz uma análise crítica e sensível motivada pelo impacto das obras. “Eu me arrisco a elaborar aqui um relato a contraponto. A referência é eurocêntrica, ou seja, na Europa temos uma Capela Sistina situada na residência oficial do papa na Cidade-Estado do Vaticano, ricamente adornada por afrescos pintados por artistas da Renascença, como Michelangelo, Rafael, Perugino e Botticelli. É onde se realiza o conclave, o processo pelo qual um novo papa é escolhido”, observa. “Já no México temos edifícios públicos como capelas, escolas, universidades, prédios governamentais onde se destacam os massivos murais com mensagens nacionalistas, culturais, sociais e políticas. “
Grossmann pontua alguns detalhes que diferenciam a arte italiana da mexicana. E faz um contraponto entre os grandes mestres. “Michelangelo pintou o teto e o altar da Capela Sistina, centrado em várias cenas do Antigo Testamento, começando com a Criação do Mundo e terminando com a história de Noé e o Dilúvio. A mensagem desta obra magistral é a de fé e esperança na humanidade”, descreve. “Já Orozco se manifesta através das trevas, do horror que esta mesma humanidade pode produzir. Expõe explícita e escatologicamente a barbárie, os descalabros, a desigualdade, a ganância, a exploração, a maldade que historicamente assola este pequeno planeta chamado Terra. Assim caminhamos, na atualidade, em grande parte sugestionados pelas trevas.”
Na Cultura, o Centro está em Toda Parte
A coluna Na Cultura o Centro está em Toda Parte, com o professor Martin Grossmann, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
.
.