Museu de Arte Contemporânea da USP apresenta sete exposições

Entre as mostras em cartaz está a retrospectiva da artista brasileira Regina Silveira, inaugurada no ano passado

 12/01/2022 - Publicado há 2 anos

Fachada do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP, no Ibirapuera, em São Paulo – Arquivo Imagens/Marcos Santos

Devido à pandemia de covid-19, exposições, espetáculos de dança e de teatro e até apresentações musicais tiveram que se readaptar aos novos tempos remotos. Mas aos poucos tudo está voltando à rotina, mantendo, claro, os protocolos de segurança. O Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP, considerado um centro de referência de arte moderna e contemporânea, brasileira e internacional, pode ser visitado, desde que o público utilize máscara e apresente comprovante de vacinação. Instalado no Parque Ibirapuera, em São Paulo, em um complexo arquitetônico criado nos anos 1950 pelo arquiteto Oscar Niemeyer e equipe, o museu possui um acervo de cerca de 10 mil obras, entre pinturas, gravuras, tridimensionais, fotografias, arte conceitual, objetos e instalações, e atualmente mantém em cartaz sete exposições, algumas mais antigas e de longa duração, e outras que foram inauguradas no ano passado. Veja o roteiro a seguir:

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A arte de Regina Silveira resiste ao poder e à violência

Regina Silveira: Outros Paradoxos: É uma retrospectiva que reúne cerca de 180 obras de Regina Silveira, uma das mais importantes artistas brasileiras de sua geração, reconhecida internacionalmente por sua trajetória como artista, pesquisadora e professora. O título refere-se ao Paradoxo do Santo, uma das obras do artista incorporada ao acervo do museu em 1994, mas principalmente à inquietação característica de sua atitude questionadora diante da vida e da arte. Nessa mostra, há gravuras produzidas ainda na década de 1960, quando a artista era uma jovem recém-formada no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre; experimentações com apropriação de imagens e videoarte dos anos 1970; além de propostas de intervenções urbanas e algumas de suas instalações mais recentes. A exposição apresenta, também, uma possibilidade de cotejar as obras com os esboços e projetos que deram origem ou mesmo com alguns dos estudos realizados por meio de maquetes. Em cartaz até 3 de julho.

Regina Silveira, Topo – Sombra 2, 1983 – Álbum Simulacros, lito-offset sobre papel – Foto: MAC-USP

 

Projetos Para Um Cotidiano Moderno no Brasil, 1920-1960: Apresenta um conjunto de obras representativas da circulação da linguagem moderna no país, sobretudo, no urbano da primeira metade do século 20. Tratam-se principalmente de projetos para ilustrações, cartazes e capas de revistas; para murais decorativos para espaços de estudos privados e, desenhos de peças de peças e figurinos para teatro e balé. Da coleção do museu, estão expostos trabalhos de sete artistas: Antonio Gomide, Emiliano Di Cavalcanti, Flávio de Carvalho, Fulvio Pennacchi, John Graz, Mário Zanini e Vicente do Rego Monteiro. Com curadoria de Ana Magalhães e Patrícia Freitas, as obras consistem, em sua maioria, em desenhos feitos sobre papel, com variados materiais como grafite, giz de cera, guache, pastel, nanquim, aquarela e lápis de cor. A esses desenhos somam-se obras diversas, tais como revistas, peças de vestuário e mobiliário – hoje parte de coleções públicas e particulares. Em cartaz até 24 de junho.

Emiliano Di Cavalcanti, Projeto para Mural (Trabalhadores), 1945. Aquarela e grafite sobre papel – Foto: MAC-USP

 

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MAC e MAM saem na defesa da cultura e da natureza

Zona da Mata: Com curadoria de Ana Magalhães e Marta Bogéa, do MAC-USP, e Cauê Alves, do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), a exposição reúne obras de artistas como Claudia Andujar, Marcius Galan, Paulo Nazareth e Rodrigo Bueno. O nome refere-se à Zona da Mata que corresponde geograficamente à faixa litorânea da região nordeste do Brasil, paralelamente ao Oceano Atlântico, e que se estende do Rio Grande do Norte até a Bahia. Trecho da Mata Atlântica original, hoje quase extinta na região, foi solo explorador de modo predatório. Essa exposição adota a Zona da Mata como metáfora simbólica, não apenas no sentido de geografia física, mas no necessário enfrentamento do desafio de lidar com a constituição de nosso território. Está organizada em quatro partes diferentes em espaços e com temporalidades distintas, já que ocorre em dois museus que estão separados apenas por uma passarela: de um lado o MAC e do outro, no centro do Parque Ibirapuera, o MAM. Em cartaz até 1º de maio.

Claudia Andujar, Yanomami, da série A casa, 1974-76. Ampliação fotográfica analógica sobre papel prata/gelatina, 80 x 100 cm – Foto: MAC-USP

 

Muito Além das Aparências – A Imagem Crítica de Pedro Meyer: Reunindo 27 trabalhos do fotógrafo espanhol, radicado no México desde 1938, selecionadas de um conjunto de 40 fotografias doadas pelo próprio artista ao MAC-USP em 2008. Segundo a curadora Helouise Costa, “como fotógrafo e agente cultural, o nome Pedro Meyer está indissociavelmente ligado às primeiras tentativas de estabelecer uma identidade para a fotografia produzida na América Latina entre as décadas de 1970 e 1980”. Meyer também foi um dos fundadores do Conselho Mexicano de Fotografia, e sempre defendeu a organização dos fotógrafos em prol de uma produção documental comprometida em denunciar a exploração econômica e a opressão política enfrentadas pelas populações locais de diversos países do continente americano, princípio que guiou sua prática fotográfica durante muitos anos, até o surgimento das tecnologias digitais, “que intensificou a dimensão subjetiva de sua produção permitindo-lhe ir muito além das aparências do mundo visível”. Em cartaz até 13 de fevereiro.

Pedro Meyer, Ronald no Céu, 1990. Impressão sobre papel – Foto: MAC-USP

 

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Exposição marca a passagem do desenho moderno ao contemporâneo

Memorial do Desenho: Da coleção do MAC-USP de mais de 10 mil obras, cerca de 70% destas são em suporte papel. Com curadoria de Carmen Aranha, a exposição destaca a trajetória dos trabalhos em papel do museu, desde desenhos modernistas até obras de arte adquiridas recentemente, e também reúne artistas convidados que, juntos, revelam as diferentes potencialidades de linguagem e suporte. Há trabalhos, muitos deles inéditos, de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Portinari, Tarsila do Amaral, Flávio de Carvalho, Ismael Nery, Geraldo de Barros, Junior Suci, Zed Nesti, Mira Schendell e Gustavo von Ha, entre outros. “Pontos, linhas, formas, vestígios e enigmas visuais modernos e contemporâneos são levados em conta a partir das técnicas, dos suportes, dos materiais, das correlações de elementos formais e de sua poética. Desenhos evidenciam historicidades e introduzem novos olhares. Seus interstícios situam transformações dessa linguagem estruturante”, observa a curadora. Em cartaz até 13 de fevereiro.

José Carratu. A Mala, 1986/87 – Foto: MAC-USP

 

Visões da Arte no Acervo do MAC USP – 1900-2000: Foi a partir dessa mostra, inaugurada em 2016, que o museu passou a expandir, significativamente, o número de obras em exposição de longa duração. São mais de 160 obras do acervo, de artistas como Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Flávio de Carvalho, Anita Malfatti, Volpi, Brecheret, De Chirico, Picasso, Kandinsky, Modigliani, Boccioni, Matisse, Max Bill e muitos outros. Com a curadoria de Ana Magalhães, Helouise Costa e Carmen Aranha, a mostra reúne desde peças do século 20, percorrendo os últimos cem anos da história da arte, e acompanha as principais escolas e movimentos artísticos do período. Em cartaz até 24 de julho.

Wassily Kandinsky, Composição Clara, 1942. Óleo sobre tela – Foto: MAC-USP

 

Vizinhos Distantes: Arte da América Latina no Acervo do MAC-USP: Cerca de 250 trabalhos entre pinturas, esculturas, instalações, objetos, fotografias, registros e projetos de performances, vídeos e publicações de artistas, todos pertencentes ao acervo do museu, discutem a contingência heterogênea, híbrida, plural e mestiça do continente. Com curadoria de Cristina Freire, a mostra é uma plataforma de apresentação dos repertórios artísticos latino-americanos reunidos no acervo do MAC USP, ao longo de sua história. “O mapeamento dos circuitos subterrâneos de trocas revela comunidades transnacionais pautadas em estratégias de comunicação e criação, organizadas em redes prédigitais, como táticas de resistência artística e política. O espírito moderno e as práticas revulsivas austrais, reunidos na exposição, remetem à potência crítica originária desse continente para seguir ativando outras visadas e vizinhanças”, afirma a curadora. Em cartaz até 3 de abril.

Eduardo Ramirez Villamizar, Construção Vermelha, 1969. Madeira pintada – Foto: MAC-USP

 

O Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP fica na Av. Pedro Álvares Cabral, 1.301, Ibirapuera; e funciona de terça a domingo das 10 às 21 horas, sem necessidade de agendamento prévio. Gratuito. O distanciamento social é recomendado; e as máscaras faciais e a prova da vacina covid-19 são obrigatórias para maiores de 12 anos. Mais informações no site do museu


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