Mostra no Espaço das Artes explora o conceito de “desenho sujo”

Em cartaz até 14 de junho, exposição traz trabalhos de ex-alunos da Escola de Comunicações e Artes da USP

 23/05/2019 - Publicado há 5 anos
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Tela da série Caixa Preta, de Christiana Moraes – Foto: Divulgação/Espaço das Artes

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Desenho Sujo é a nova exposição do Espaço das Artes da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, na Cidade Universitária. Em cartaz desde o último dia 13, a mostra traz trabalhos de sete artistas, todos ex-alunos do Departamento de Artes Plásticas da ECA: Ana Prata, Rafael Carneiro, Bruno Palazzo, Christiana Moraes, Daniel Nasser, Flora Rebollo e Laila Terra.

Como explica o organizador da exposição, Wallace Masuko, ela surgiu a partir de sua reflexão sobre algumas obras de Nasser e Carneiro, com quem já havia trabalhado anteriormente. “Eu estava preparando duas publicações com os desenhos deles, então tive muito contato com esses desenhos. É um trabalho materialmente sujo, e que também são obras em si, não são desenhos preparatórios para alguma coisa”, diz.

Desenho de Bruno Palazzo – Foto: Divulgação/Espaço das Artes

Esse conceito de “desenho sujo” foi base para a escolha de todos os trabalhos. Masuko, também egresso do Departamento de Artes Plásticas da ECA e hoje doutorando no mesmo departamento, buscou outros artistas cuja obra dialoga com esse aspecto de diferentes maneiras. Assim, a ideia de sujeira pode ir desde a escolha e manuseio dos materiais utilizados até os temas abordados pelos artistas.

Outro fator importante é que a curadoria foi feita a partir de um esforço coletivo entre os artistas participantes. Com os trabalhos pré-selecionados, eles se reuniram antes da montagem para decidir em conjunto quais obras seriam escolhidas e como seriam expostas.

Como resultado, no lugar de uma organização cronológica ou separação por autor, os desenhos foram dispostos no Espaço das Artes de maneira que prioriza o diálogo entre eles. Além disso, algumas obras também ocupam o espaço externo da exposição, e há uma sala anexa onde o visitante pode folhear os cadernos de desenhos de alguns dos artistas.

Não houve um projeto de montagem. Ela foi feita no decorrer de uma semana, as pessoas traziam as coisas e íamos pensando”, conta Masuko. “Era muito importante para mim que esses artistas conversassem, e não exatamente uma conversa oral, mas uma conversa visual.”

Masuko também é responsável pelas artes gráficas, como a que estampa o cartaz feito em colaboração com Marcos Kaiser. Exposta na entrada do prédio, a arte aproveita o vermelho característico da fachada, ressaltando a relação afetiva com o local que a mostra também representa.

Para o organizador, apesar de não abordar diretamente esse assunto, a exposição também está em diálogo com o momento político pelo qual passa o Brasil, em que parece haver uma tentativa de destruição da cultura institucional. “Mas não é uma resposta a isso, a exposição não é reativa. É mais sobre indicar que existem outras possibilidades”, explica. “O desenho sempre foi visto no Ocidente como uma questão projetiva. Você desenha para projetar as coisas. Então, o que eu acho que tem na exposição são muitas saídas, desde a materialidade do trabalho até o imaginário que eles proporcionam.”

A exposição Desenho Sujo fica em cartaz até o dia 14 de junho, de segunda a sexta, das 10 às 20 horas, no Espaço das Artes da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP (Rua da Praça do Relógio, 160, Cidade Universitária, em São Paulo). No dia 27 de maio, a partir das 19 horas, no mesmo local, haverá uma conversa com os artistas. Entrada grátis.


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