Monumento à Amizade Brasil-Japão, de Tomie Ohtake – Foto: Julio Bazanini

Os monumentos da Cidade Universitária - Amizade Brasil-Japão

O sonho japonês de Tomie Ohtake de viver a arte acordou sob o sol do Brasil

 08/02/2023 - Publicado há 1 ano     Atualizado: 10/02/2023 as 19:58

Texto: Leila Kiyomura

Arte: Simone Gomes

Uma escultura que pudesse simbolizar os 100 anos de laços de amizade entre o Brasil e Japão comemorados em 1997… Com essa sugestão do pró-reitor de Cultura, na época, Jacques Marcovitch, a artista Tomie Ohtake (Kyoto Japão, dia 21 de novembro de 1913 – São Paulo, 12 de fevereiro de 2015) começou a lembrar quando chegou ao Brasil em 1931. “Eu não pensei que passaria a vida aqui em São Paulo. Casei, vi crescer os meus dois filhos Ruy e Ricardo”, contou a artista em entrevista ao Jornal da USP. “E até o sonho que eu tinha desde criança de desenhar acordou no Brasil, quando, em 1952, começei a ter aulas com o professor Keiya Sugano.

Todas essas lembranças estão na escultura que Tomie desenhou e projetou infinitas vezes no papel. “São duas pranchas, como se fossem dois navios em um oceano. Um simboliza o Japão. O outro é o Brasil”, explicou. “Até que depois de atravessarem dias e noites, eles se cruzam. Mas não se tocam.” Tomie tem razão. As duas pranchas estão uma em frente da outra e se cumprimentam amigavelmente em uma reverência oriental. Há um espaço vazio entre elas por onde circulam as histórias e a cultura de cada país.

Segundo Marcovitch, “a escultura de Tomie Ohtake conecta memória e identidade pelo caminho da amizade.”

O monumento foi instalado na frente da Casa de Cultura Japonesa da Cidade Universitária. E inaugurado em junho de 1997 com a presença dos imperadores japoneses Akihito e Michiko. “A visita do imperador Akihito ao Brasil tem um emblemático significado. Embora seja tradição na dinastia japonesa o seu alheamento dos assuntos de governo, a presença imperial acontece no momento em que os interesses do Brasil e do Japão entram em sintonia e cada vez mais acentuada”, declarou o pró-reitor Marcovitch. “A reverência à cultura que se traduz no gesto de apreço ao meio acadêmico sustenta-se em ciclo de tempo mais alargado que o destinado às relações políticas. Nele é possível incorporar as lições da história e os desafios do futuro. Nele é possível entender melhor as raízes das crises do presente e clarear prioridades para o amanhã. A combinação de um sistema de valores com uma perspectiva temporal mais ampla torna-se legível na pauta de prioridades da casa imperial japonesa: a valorização do conhecimento, a educação dos jovens, o respeito aos idosos e a preservação do meio ambiente.”

Monumento à Amizade Brasil-Japão, de Tomie Ohtake – Foto: Foto: Julio Bazanini


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