Novas tendências mundiais estão transformando a visão de biblioteca, que passa a ser vista também como um espaço social. Atenta a essas mudanças, a equipe do Serviço de Biblioteca e Informação (SBI) do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP, com apoio da diretoria do instituto, iniciou no ano passado um processo de repensar o próprio espaço como um entreposto cultural ou ambiente interativo de aprendizado.
O desafio inicial foi quebrar o paradigma tradicional de biblioteca, deixando de ser uma depositária de acervo para se tornar um espaço que facilita e estimula o acesso – contando com as tecnologias de informação e comunicação – e, dessa forma, repensar um ambiente interativo de aprendizagem. Para tanto, foram sugeridas propostas que atendessem às novas expectativas do público-alvo, que estimulassem a reflexão, a busca e a criação do conhecimento e que também suprissem a falta de um espaço cultural capaz de favorecer a integração e a socialização entre os vários públicos usuários. Mudanças no layout foram implementadas com poucos recursos financeiros, tendo em vista as condições da instituição e de todo o País.
A questão do volume de som permitido foi o ponto-chave para a reestruturação pretendida. Cada um dos três andares – que, somados, ocupam uma área de 1.442 m2 – recebeu uma classificação de nível de ruído, indo do volume normal de uma conversa em grupo no piso térreo até o silêncio absoluto, no último piso.
No térreo, o objetivo é promover a socialização e a integração. Assim, o novo layout abriu o espaço com mesas de conversa em grupo (sim, você pode ir até a biblioteca do IQSC só para trocar ideias) e o novo Espaço de Leitura foi formado. Uma pesquisa com os usuários, utilizando a fanpage da biblioteca, apontou os títulos de livros que eles gostariam de ler, que foram adquiridos e doados pela Comissão de Graduação do IQSC. Agora a comunidade USP tem, além de uma biblioteca especializada, com cerca de 120 mil volumes da área de química, um espaço com obras literárias de diferentes gêneros e autores, incluindo lançamentos, e pode retirá-los por empréstimo.
Segundo Bernadete Figueiredo Filho, do Serviço de Biblioteca e Informação do IQSC, “as alterações nesse piso trouxeram um público novo para a biblioteca. Notamos novos rostos e as mesas de estudo em grupo têm sido ocupadas com maior frequência”.
Disseminar o conhecimento
Outra iniciativa, que fortalece o hábito de leitura, foi transformar a biblioteca num ponto de BookCrossing – movimento internacional definido basicamente pela prática de deixar um livro num local público, para que outros possam ler, sem a necessidade de identificação ou prazo de devolução. “Implementamos mudanças, mas sem perder o foco na disseminação do conhecimento”, comenta Eliana Cordeiro, também do SBI.
O piso intermediário é reservado para conversas moderadas e, portanto, o nível de ruído permitido é menor. Nesse andar, o usuário encontra salas para estudo em grupo e mesas para estudo individual, com tomadas para uso de aparelhos eletrônicos. Em maio deste ano, foi disponibilizada uma Sala Multiuso, com recursos informacionais e multimídia necessários para auxiliar as atividades de ensino, palestras para pequenos públicos e treinamentos.
O terceiro e último piso é dedicado àqueles que buscam silêncio e as coleções dividem espaço com as mesas de estudo individual.
Sugestões e pontos de melhoria são possíveis também através da caixa de sugestões e de mensagens enviadas via internet. Neste ano, foi formado o grupo Amigos da Biblioteca, composto de alunos e funcionários que fazem sugestões e mostram pontos de melhorias. A biblioteca espera, assim, abrir mais um canal de participação e aproximação no âmbito da comunidade do IQSC.
Clelia Dimário, responsável pela equipe do SBI, afirma: “São muitos os nossos desafios para o futuro. Estamos procurando realizar essa reestruturação de maneira que atenda às demandas e expectativas dos nossos usuários e dentro das condições atuais da Universidade. Queremos tornar a nossa biblioteca também um local de integração, um local mais atraente e prazeroso, um ambiente de aprendizagem interativa”.
Mais informações podem ser obtidas no site da Biblioteca do Instituto de Química de São Carlos e na página da biblioteca no Facebook.
Sandra Zambon, de São Carlos
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