Exposição conta a história da descoberta do Polo Sul

Realizada no campus da USP em Bauru até 30 de abril, mostra traz fotos da famosa Cabana de Scott

 08/04/2019 - Publicado há 5 anos
A base utilizada por Scott na Antártica ficou intacta desde o início do século 20, preservando até mesmo os objetos pessoais do explorador, como mostram as fotos de Eric Schmitt – Foto: Gianne Quintela

Uma exposição fotográfica em cartaz no campus da USP em Bauru traz imagens da famosa Cabana de Scott – como ficou conhecida a base na Antártica do explorador britânico Robert Falcon Scott, que morreu em 29 de março de 1912, dois meses depois de se tornar o segundo homem a atingir o Polo Sul. A exposição fica aberta até 30 de abril na Biblioteca da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP.

Intitulada Scott Não Voltou Ainda… (Antártica 2005), a mostra reúne 16 fotografias feitas em 2005 pelo fotógrafo franco-germano Eric Schmitt, de 62 anos, que reside em Bauru há 13 anos. “No início do século 20, essa cabana foi usada uma ou duas vezes e depois ficou no estado em que Scott e sua equipe a deixaram no momento em que saíram para ir ao Polo Sul”, afirma Schmitt. “Quando eu estive lá, em 2005, a cabana estava quase intacta, porque ela foi coberta de gelo durante mais de 50 anos.”

A história da descoberta do Polo sul conta que havia duas equipes de exploradores que tentavam esse objetivo: uma do norueguês Roald Amundsen e outra de Scott. Os dois usaram métodos diferentes em suas expedições: a equipe de Amundsen apostou no uso de cães de trenó, numa viagem leve, e, por isso, não houve atrasos. Já a equipe Scott apostou em equipamentos mecânicos, o que acabou atrasando a viagem, porque os motores dos trenós quebravam no gelo antártico. Scott chegou ao Polo Sul duas semanas depois de Amundsen, que se tornou o primeiro homem a pisar na extremidade sul do planeta no dia 14 de dezembro de 1911.

Documentos históricos sobre a chegada ao Polo Sul também são mostrados na exposição – Foto: Giane Quintela

Além da decepção de ter chegado depois de Amundsen, Scott enfrentou outro revés. O tempo piorou e ele e sua equipe não conseguiram voltar à base. Eles morreram nas barracas que montaram para enfrentar a tempestade de neve e o frio. Mais tarde todos os corpos foram encontrados.

Além das fotos, quem visitar a exposição pode ler a respeito dessa história e ver reproduções de documentos e fotos resgatadas da época, inclusive um diário de Scott, com a última página que ele escreveu antes de morrer. “Estamos cada vez mais fracos, a morte não deve demorar”, registrou o explorador.

“Acredito que consegui captar o ambiente que havia nessa cabana. Eu fui na primavera e, nos primeiros dias, tinha um pouco de sol. Nas fotos, os raios de sol estão bem definidos e tem uma luz interessante”, explica Schmitt. “Quando entrei na cabana, eu sentia uma emoção muito forte. Espero que tenha conseguido passar essa emoção nas fotos.”

A história da chegada do homem ao Polo Sul é contada na mostra – Foto: Giane Quintela
A exposição em cartaz no campus da USP em Bauru – Foto: Giane Quintela

Schmitt nasceu em Badgodesberg, na Alemanha, mas se considera francês, porque é filho de pais franceses e residiu perto de Paris e de Toulouse. Ele trabalhou como técnico de lançamento de balões para o Centro Nacional de Estudos Espaciais da França e, nessa função, fez pesquisas em vários países. Ele viajou o mundo inteiro, da Lapônia à Antártica, do Equador à Rússia, chegando a trabalhar em Teresina, no Piauí. Segundo o fotógrafo, a maior parte das pesquisas que utilizam balões na estratosfera é voltada para estudar a camada de ozônio, mas outros estudos são realizados nas áreas de astronomia e ciências dos materiais.

Schmitt foi para Bauru porque era preciso lançar balões em todas as altitudes: nos Polos, no Equador, nas altitudes médias e nos trópicos. Bauru é localizada próxima ao Trópico de Capricórnio e a estrutura do Instituto de Pesquisas Meteorológicas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) facilita o lançamento de balões para pesquisas.

O fotógrafo Eric Schmitt e suas fotos em exposição: forte emoção ao entrar na Cabana de Scott – Foto: Giane Quintela

Em 1998, com 41 anos de idade, Schmitt começou a trabalhar com fotografia, mesmo não sendo essa sua principal função nas expedições de que participava. O gosto pela fotografia se acentuou numa missão às Ilhas Galápagos, no Equador, com fotos de aves e da natureza em geral.

As 16 fotografias em exposição no campus da USP em Bauru foram feitas num dia de folga de uma missão à Antártica, em 2005, quando o fotógrafo visitou a Cabana de Scott. A cabana foi redescoberta depois que implantaram bases neozelandesas e norte-americanas no local.

Scott Não Voltou Ainda… (Antártica 2005) é a primeira exposição promovida pelo Projeto Atelier & Arte da Seção de Eventos Culturais da Prefeitura do Campus USP de Bauru (PUSP-B).

A exposição fotográfica Scott não voltou ainda… (Antártica 2005) fica em cartaz até 30 de abril, de segunda a sexta-feira, das 8 às 22 horas, e aos sábados, das 9 às 12 horas, na Biblioteca da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP (Alameda Dr. Octávio Pinheiro Brisolla, 9-75, Vila Universitária, em Bauru). Entrada grátis. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (14) 3235-8394 e pelo e-mail centrocultural@usp.br.

MARIANNE RAMALHO, de Bauru


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