“Causos” de politécnicos são contados em peças on-line

Grupo de Teatro da Poli produz narrativas inspiradas em histórias de ex-moradores da Casa do Politécnico

 22/10/2020 - Publicado há 3 anos
Por
O Grupo de Teatro da Poli durante gravação do episódio de estreia de Causos da Cadopô – Imagem extraída do Facebook
O Grupo de Teatro da Poli (GTP) se reinventou na quarentena e produziu um espetáculo em série, que estará disponível on-line gratuitamente. Com 11 episódios previstos, Causos da Cadopô é inspirado em histórias de ex-moradores da Casa do Politécnico, moradia estudantil inaugurada em 1957 que, ao longo de mais de duas décadas de existência, abrigou cerca de 1.000 estudantes da Escola Politécnica da USP.

Com 28 minutos de duração, o episódio piloto, em formato audiovisual, foi ao ar dia 14 de outubro passado na página do Grêmio Politécnico no Facebook, integrando a programação virtual da Semana de Arte da Poli (Sapo), e já está disponível no Youtube. Os demais capítulos vão ao ar semanalmente a partir de novembro, sempre de forma gratuita. Eles serão disponibilizados em áudios nas plataformas de streaming, no que o grupo chama de “podpeça”, uma peça em formato de podcast. Todos os episódios são escritos, produzidos e interpretados pelos integrantes do GTP.

Conhecida como Cadopô e localizada no bairro paulistano do Bom Retiro, a moradia de oito andares, 40 quartos e capacidade para 110 moradores, criada para receber estudantes de fora de São Paulo sem condições financeiras, foi palco de intensa movimentação cultural e política. Um conjunto de histórias de antigos moradores foi reunido no livro Causos da Casa do Politécnico – Contados por Ex-Moradores, publicado em 2013, que norteou o espetáculo produzido pelo GTP.

O livro que deu origem à série de peças on-line produzida pelo Grupo de Teatro da Poli – Foto: Reprodução

“São histórias muito divertidas”, comenta Pedro Vittorio, estudante de Jornalismo da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e integrante do GTP. “Parece que foi um lugar mágico, existente entre os anos 1950 e 1980”, complementa Vittorio, que atua como coordenador do projeto. A direção geral fica por conta de Néia Barbosa, diretora do GTP.

“Tivemos a pretensão de esboçar a história do prédio a partir de pitorescos detalhes da biografia dos que ali residiram”, escreve na introdução da obra a comissão que organizou o livro. “Numa significativa amostragem dos aproximadamente mil moradores, mapeamos aqui o que durou pouco mais de duas décadas. Emergem três centenas de personagens, pela escrita de mais de 50 voluntários. 90% dos autores são ex-moradores, e os restantes 10%, afetivamente denominados ‘agregados’, guardam uma relação muito próxima, como se de fato tivessem morado na Casa.”

De acordo com Vittorio, a produção de Causos da Cadopô é um trabalho coletivo, envolvendo cerca de 15 pessoas que se dividem nas funções de produção, direção, atuação, escrita e sonoplastia. Cada episódio conta com equipes diferentes, que trabalham de maneira coordenada. A viabilidade dos ensaios e reuniões, nestes tempos de pandemia, é dada pelos aplicativos de videoconferência. “Eu não sabia que as pessoas escreviam tão bem e que um texto escrito a várias mãos daria tão certo”, comenta o estudante, animado, pontuando ainda a trilha sonora original produzida para a série como um de seus destaques.

O projeto Causos da Cadopô surge no ano em que o GTP completa 75 anos de existência e procura revisitar a memória da Escola Politécnica da USP. O grupo de teatro amador é vinculado ao Grêmio Politécnico, responsável por sua sustentação financeira. Estudantes tanto da Poli quanto de outras unidades da USP já fizeram parte de sua história. “É uma maneira de o GTP continuar ativo em um momento em que enfrentamos a impossibilidade de o teatro existir”, comenta Vittorio.

Mais informações sobre o Grupo de Teatro da Poli (GTP) estão disponíveis nas páginas do grupo no Facebook e no seu Instagram.


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.