Com 28 minutos de duração, o episódio piloto, em formato audiovisual, foi ao ar dia 14 de outubro passado na página do Grêmio Politécnico no Facebook, integrando a programação virtual da Semana de Arte da Poli (Sapo), e já está disponível no Youtube. Os demais capítulos vão ao ar semanalmente a partir de novembro, sempre de forma gratuita. Eles serão disponibilizados em áudios nas plataformas de streaming, no que o grupo chama de “podpeça”, uma peça em formato de podcast. Todos os episódios são escritos, produzidos e interpretados pelos integrantes do GTP.
Conhecida como Cadopô e localizada no bairro paulistano do Bom Retiro, a moradia de oito andares, 40 quartos e capacidade para 110 moradores, criada para receber estudantes de fora de São Paulo sem condições financeiras, foi palco de intensa movimentação cultural e política. Um conjunto de histórias de antigos moradores foi reunido no livro Causos da Casa do Politécnico – Contados por Ex-Moradores, publicado em 2013, que norteou o espetáculo produzido pelo GTP.
“São histórias muito divertidas”, comenta Pedro Vittorio, estudante de Jornalismo da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e integrante do GTP. “Parece que foi um lugar mágico, existente entre os anos 1950 e 1980”, complementa Vittorio, que atua como coordenador do projeto. A direção geral fica por conta de Néia Barbosa, diretora do GTP.
“Tivemos a pretensão de esboçar a história do prédio a partir de pitorescos detalhes da biografia dos que ali residiram”, escreve na introdução da obra a comissão que organizou o livro. “Numa significativa amostragem dos aproximadamente mil moradores, mapeamos aqui o que durou pouco mais de duas décadas. Emergem três centenas de personagens, pela escrita de mais de 50 voluntários. 90% dos autores são ex-moradores, e os restantes 10%, afetivamente denominados ‘agregados’, guardam uma relação muito próxima, como se de fato tivessem morado na Casa.”
De acordo com Vittorio, a produção de Causos da Cadopô é um trabalho coletivo, envolvendo cerca de 15 pessoas que se dividem nas funções de produção, direção, atuação, escrita e sonoplastia. Cada episódio conta com equipes diferentes, que trabalham de maneira coordenada. A viabilidade dos ensaios e reuniões, nestes tempos de pandemia, é dada pelos aplicativos de videoconferência. “Eu não sabia que as pessoas escreviam tão bem e que um texto escrito a várias mãos daria tão certo”, comenta o estudante, animado, pontuando ainda a trilha sonora original produzida para a série como um de seus destaques.
O projeto Causos da Cadopô surge no ano em que o GTP completa 75 anos de existência e procura revisitar a memória da Escola Politécnica da USP. O grupo de teatro amador é vinculado ao Grêmio Politécnico, responsável por sua sustentação financeira. Estudantes tanto da Poli quanto de outras unidades da USP já fizeram parte de sua história. “É uma maneira de o GTP continuar ativo em um momento em que enfrentamos a impossibilidade de o teatro existir”, comenta Vittorio.
Mais informações sobre o Grupo de Teatro da Poli (GTP) estão disponíveis nas páginas do grupo no Facebook e no seu Instagram.