Campus de Piracicaba exibe mostra “Retratos de uma Alma Inquieta”

Em cartaz até 2 de setembro, exposição traz obras do professor da USP, agrônomo e artista Silvio Zocchi

 09/08/2018 - Publicado há 6 anos     Atualizado: 13/08/2018 as 15:51
Luto III, obra de Silvio Zocchi – Foto: Acervo pessoal

.Silvio Sandoval Zocchi, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP e artista plástico, apresenta uma síntese de suas obras realizadas ao longo dos últimos 30 anos na exposição Retratos de uma Alma Inquieta, em cartaz até 2 de setembro no campus da USP de Piracicaba.

Nascido paulistano, Zocchi se mudou para Piracicaba aos 17 anos, a fim de cursar Engenharia Agronômica na Esalq. Hoje, piracicabano de coração, “permanece vivo, sabe-se lá como”, diz ele. Assim estava expresso no convite que o artista fez à sociedade para visitar sua obra, que desnuda as angústias de sua vida.

Silvio Zocchi: obras são uma exposição profunda da alma do artista -Foto: Gerhard Waller.

A abertura da mostra, que aconteceu no dia 30 de julho, exibiu um projeto singular, fazendo com que o público presente penetrasse no íntimo do expositor, pois ali estavam obras de caráter pessoal despidas de qualquer reserva, acompanhadas por trilha musical especialmente selecionada para essa imersão, numa ambientação sugestiva e tocante.

A realização é da Comissão de Cultura e Extensão Universitária do Serviço de Cultura e Extensão Universitária, do Museu e Centro de Ciências, Educação e Artes Luiz de Queiroz e da Prefeitura do Campus da USP Luiz de Queiroz.

Angústia, obra de Silvio Zocchi – Foto: Acervo pessoal

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Confira o bate-papo com o artista.

Jornal da USP – O que sua exposição retrata?

Silvio Sandoval Zocchi – Uma alma inquieta, um lado sombrio, um lado desesperado, um lado que dificilmente a gente expõe. São ampliações de 15 desenhos selecionados durante um período de aproximadamente 30 anos. Grande parte das obras foi realizada ainda quando estudante de Agronomia, numa época bastante difícil para mim. Aliás, toda essa coletânea foi realizada em duros períodos.

Como foi idealizado seu projeto?

Idealizei uma exposição para que pessoas internas ou externas ao campus pudessem ter acesso livre diariamente, sem se sentirem acuadas, o que pode acontecer em salões de exposição, museus, galerias e teatros. Com esse objetivo em mente, escolhi uma área aberta no campus para a exibição de ampliações (1,00 × 1,40m) de desenhos fixados sobre as laterais de andaimes e com iluminação individual para a visitação no período noturno. Convém ressaltar, ainda, que a exposição nesse formato apresenta a possibilidade de ser itinerante.

Pulso, obra de Silvio Zocchi – Foto: Acervo pessoal

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Você percebe algum tipo de reação nas pessoas ao se depararem com sua obra?

Curiosidade, inquietude, perturbação, amargura, estranhamento e reflexão.

Você se formou na Esalq, em Agronomia. Você também tem formação em Artes?

Não. Eu não tenho título de artista plástico. Simplesmente sou.

Quando você se descobriu artista plástico?

Sempre. Sempre criei, sempre desenhei, especialmente em momentos difíceis.

Wanker II, obra de Silvio Zocchi – Foto: Acervo pessoal

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Em que artista você se inspira? Você se identifica com algum movimento artístico ou sua arte é um gênero totalmente livre?

Admiro Picasso, Miró, Bacon, Klimt, Schiele, Cesar Profeta, entre muitos. Nós vemos as obras que nos tocam e construímos um universo a partir do qual nós criamos.

Além dessas imagens que, de certa forma, se espelham para sua criação, você também se inspira com composições musicais?

Sim, muitas de minhas obras foram produzidas ao som de Astor Piazzolla, Erik Satie, Danny Elfran, Ryuichi Sakaroto, Philip Glass, Schubert, Camile Saint-Saens, Sarah Vaughan, Nina Simone, Mercedes Sosa e outros.

Que material utiliza para realizar suas obras?

O que tenho em mãos. No caso, utilizei lápis de cor, grafite, caneta hidrocor preta e nanquim, sempre sobre papel.

Bouquet, obra de Silvio Zocchi – Foto: Acervo pessoal

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Você vive da sua arte?

Não. Vivo como professor, docente do Departamento de Ciências Exatas da Esalq.

Já realizou outras exposições?

É a minha primeira vez. Escolhi a Esalq por ser o local onde eu vivi e pude expressar esses sentimentos. Confesso que já fui convidado para exposições no exterior, mas eu não tive coragem. Pensei comigo que primeiro seria melhor realizar uma exposição no Brasil e, por que não, em Piracicaba ou mesmo na Esalq, onde me formei e trabalho atualmente.

Qual a importância dessa exposição para você?

É uma exposição muito importante para mim porque ela fecha um ciclo, um ciclo de muitas oscilações, períodos de depressão, de angústia profunda, solidão e isolamento.

Mente Inquieta, obra de Silvio Zocchi – Foto: Acervo pessoal

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Tem alguma obra que você considere a principal da mostra?

Principal, não. Cada uma tem um significado próprio e profundo.

Você possui obras expostas em Piracicaba?

Possuo dois murais na Atmos Paraquedismo, no Aeroporto Pedro Morganti.

A exposição Retratos de uma Alma Inquieta, de Silvio Sandoval Zocchi, fica em cartaz até 2 de setembro, das 8 às 22 horas, na praça ao lado da Central de Aulas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Avenida Pádua Dias, 11, em Piracicaba). Entrada grátis. Mais informações podem ser obtidas pelos telefones (19) 3429-4485 e 3429-4477.

ALICIA NASCIMENTO AGUIAR, de Piracicaba


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