São peças tridimensionais criadas com tubos de ensaio, pipetas, ponteiras e frascos de laboratórios científicos. Objetos que foram recriados com a arte e a ciência de Anita Colli. Médica e professora da Faculdade de Medicina da USP desde 1965, decidiu trilhar os caminhos da arte em 1998. Desde o dia 30 de maio, ela apresenta a exposição Polimorfos, com esculturas que surpreendem pelas cores, estética e movimento. A mostra fica em cartaz até 13 de setembro no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, na Cidade Universitária.
Na transparência dos frascos, há a história de Anita Colli. O visitante se depara com as flores da primavera de seu jardim, que a artista recolheu e acondicionou em pequenas gavetas que um dia serviram para a cientista guardar material de culturas. Nessas gavetas, estão também rolhas de vinho, fios, tecidos, sucatas de equipamentos tecnológicos, uma paisagem que alia e recicla a vida da professora, cientista, pesquisadora e artista.
“Questiono e pesquiso o desenvolvimento de cada peça. Extraio as funções cotidianas dos objetos e procuro dar uma nova significação”
Para apresentar suas obras de arte, Anita desenvolve projetos com rigor científico. “Questiono e pesquiso o desenvolvimento de cada peça. Extraio as funções cotidianas dos objetos e procuro dar uma nova significação”, conta. “Como nas pesquisas científicas, desenvolvo estudos com metas e hipóteses na montagem das peças. Cada exposição, cada espaço tem um desafio.”
Há um ano e meio, a artista apresentou a exposição Interfaces, no Instituto de Química da USP, com peças criadas desde 2011, também com materiais descartáveis dos laboratórios. Na época, recebeu o convite para expor no ICB. Polimorfos reúne trabalhos recentes. A expectativa da artista é que os pesquisadores familiarizados com as pipetas e ponteiras vão observar um sentido novo e uma dimensão que desconheciam. E os que não são da área científica irão se deparar com peças tridimensionais feitas de um material que foge do óbvio. “Gosto de ver a multiplicidade das interpretações e aprendo com elas.”
“A arte e a ciência seguem o mesmo caminho da multidisciplinaridade”
Depois de mais de três décadas atuando como professora e pesquisadora na área da medicina, Anita Colli procurou um novo caminho, mas que exigia o mesmo rigor e dedicação. “Busquei a arte. Primeiro fiz um curso para iniciantes de pintura, aquarela, desenho. Mas aí fui me interessando pelo tridimensional. Fui juntando e reciclando coisas de casa, depois tive a ideia de trabalhar com o material descartado pelos laboratórios.”
Em poucos anos, fluíram inúmeros trabalhos. A professora, que sempre trabalhou com a arte da ciência, desenvolvendo projetos com adolescentes, começou a pesquisar a ciência na arte. Um trabalho que alia a razão à criatividade, ao lúdico e à construção humana. “A arte e a ciência seguem o mesmo caminho da multidisciplinaridade.”
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A exposição Polimorfos, de Anita Colli, fica em cartaz até 13 de setembro, de segunda a sexta-feira, das 9 às 16 horas, no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP (Avenida Professor Lineu Prestes, 2.415, Cidade Universitária, em São Paulo). Entrada grátis.