A entrada de Paula na pós-graduação, contudo, ocorreu exatamente durante a pandemia de covid-19. Com isso, ela só pôde ter acesso aos documentos guardados no IEB em 2022, encontrando-os ainda desorganizados em virtude da interrupção dos trabalhos de catalogação e descrição provocada pela pandemia. “Havia caixas mais ou menos organizadas pela secretária de Singer, com carteira de trabalho, diplomas, artigos antigos, coisas dos anos 1940 e 1950, pastas com documentos de sua passagem pela Secretaria de Planejamento de São Paulo”, relembra. O material mais recente, porém, que seria a base para sua pesquisa, estava em grande parte digitalizado e repartido em várias mídias, tornando a pesquisa mais difícil.
“Diante de um acervo ainda desorganizado, o que você faz? Começa pelo princípio, pelos documentos mais antigos”, explica a pesquisadora. Foi assim que Paula teve contato com os materiais dos anos 1940 e 1950, que documentavam a trajetória política de Singer nas organizações de esquerda durante a juventude. Tratavam-se de manuscritos, cartas, esboços de propostas políticas, anotações de reuniões, estatutos e outras atividades da militância. Diante disso, Paula reorientou sua pesquisa, focando a trajetória política e intelectual de Singer.
Analisando essa documentação, Paula encontrou uma coerência na atuação de Singer que a impressionou. “Ele sempre foi um socialista, mas crítico ao Partido Comunista e à fórmula soviética. Sempre se posicionou no socialismo democrático. Por isso estava no antigo PSB, uma vertente minoritária da esquerda crítica à União Soviética. E ele ficou nessa vertente a vida toda, até fundar o PT.”