A arte contemporânea brasileira flui no Rio Grande do Sul. E mostra sua diversidade 

O Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, dispõe de um acervo de 1.813 obras. Para comemorar suas três décadas de história, lança um catálogo disponível para todos

 

 13/07/2021 - Publicado há 3 anos
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Obra de Carlos Pasquetti – Foto: Divulgação

A arte contemporânea brasileira marca presença no Rio Grande do Sul, travando o desafio de destacar, em tempos de globalização, a sua própria diversidade. Com suas três décadas de história, o Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), em Porto Alegre – um dos primeiros a surgir como um novo polo das artes –, apresenta o seu acervo com 1.813 obras de 921 artistas em um catálogo inédito, em edição trilíngue (português, inglês e espanhol). Está disponível na versão on-line, gratuita para download no site www.acervomacrs.com, e na versão impressa, também gratuita, com 304 páginas e tiragem de 1.200 exemplares. A distribuição é administrada pela Associação de Amigos do MACRS através do site www.amigosdomacrs.com.br.

Ao observar o catálogo, é possível conferir especialmente a originalidade dos artistas gaúchos compartilhada com artistas de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pará, Santa Catarina e também de outros países. As obras foram doadas pelos artistas, por particulares e também pela Bienal do Mercosul, um dos eventos de arte com destaque internacional que acontece em Porto Alegre desde 1997. Reúne Regina Silveira, Cildo Meirelles, Nuno Ramos, Carlos Vergara, Jorge Menna Barreto, Rosangela Rennó, Nelson Leirner, Léon Ferrari, Paulo Bruscky, Carlos Fajardo, Paulo Nazaré, Lucia Koch, Rochelle Costi e Paulo Nazaré, entre outros.

“O MACRS é um dos museus de arte contemporânea criado na década de 1990, fora do eixo central da arte no Brasil. Sua coleção, constituída especialmente por artistas gaúchos, é muito importante para a compreensão dos aspectos locais no processo globalizante que se implanta neste momento. Local, nacional e global dialogam na coleção, constituindo um significativo e necessário material de estudo da arte que foge às hegemonias tradicionais”, observa Maria Amélia Bulhões, doutora em História pela USP, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e presidente da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA).

“Certas obras investigam o universo feminino, o negro, o indígena ou o marginal, procurando instaurar no sistema da arte a crítica e os debates de gênero, etnias e relações sociais conflitantes.” 

A edição do Catálogo Geral do Acervo do MACRS é resultado de um trabalho desenvolvido pela equipe de pesquisa do museu, com a coordenação da gestora e produtora cultural Vera Pellin. “Esse projeto viabiliza à comunidade artística a promoção, difusão, preservação e acesso à informação desse valioso patrimônio cultural, além de ser fonte de pesquisa ao público especializado e interessado”, afirma. “Sua edição impressa e digital possibilitará novos processos de leitura e significação da arte ao conhecer, de forma ampliada, todas as obras que compõem esse acervo, suas linguagens, diversidade de técnicas e práticas artísticas.”

Catálogo do Acervo MACRS – Foto: Divulgação

A orientação, pesquisa e curadoria do projeto é de Maria Amélia Bulhões. “Agora é possível olhar a totalidade do trabalho desenvolvido e perceber a amplitude e diversidade desse acervo, onde se destacam obras em fotografia, gravura, pintura, desenho e escultura, além de categorias mais recentes, como vídeo e livros de artistas, entre outras.”

Para marcar o lançamento do catálogo, o MACRS realiza uma exposição que traz obras que traduzem a sua trajetória. A mostra, que será apresentada até 22 de agosto, está nas galerias Sotero Cosme e XicoStockinger e no espaço Vasco Prado, na Casa de Cultura Mário Quintana (Rua dos Andradas, 736, em Porto Alegre), onde o museu está sediado.

Espaço Vasco Prado, do MACRS – Foto: Divulgação

De forma presencial e também virtual, o público observa mais de 70 obras em diferentes suportes. A exposição, segundo Maria Amélia, propõe um exercício de compreensão das mudanças da produção artística na contemporaneidade. “Certas obras investigam universos como o feminino, o negro, o indígena ou o marginal, procurando instaurar no sistema da arte a crítica e os debates de gênero, etnias e relações sociais conflitantes”, explica a curadora. “O corpo é forte presença, colocando em pauta aspectos reprimidos da sexualidade. A relação com todas essas problemáticas tem espaço no conjunto da coleção.”

Para o diretor do MACRS, André Venzon, o catálogo do acervo registra a consistência dos caminhos que o museu vem trilhando. Ele afirma que, desde seu início até hoje, a instituição é uma referência em arte e cultura para as novas gerações. “Trata-se de uma publicação indispensável para todos que desejam conhecer mais sobre arte contemporânea, com toda a força e pluralidade que a sua produção representa.”

O Catálogo Geral do Acervo do MACRS está disponível para download gratuito no site do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS). A exposição virtual Arte Contemporânea RS pode ser vista no mesmo site.

O Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS) fica no 6º andar da Casa de Cultura Mário Quintana (Rua dos Andradas, 736, centro, em Porto Alegre), com visitação de segunda a sexta-feira, das 10 às 18 horas, e no sábado, das 13 às 18 horas.


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