Único time do Brasil em desafio mundial de estufas urbanas é da USP

Premiação é de mais de 15 mil euros; conceito vencedor vai inspirar novo projeto em uma das maiores áreas urbanas do mundo

 31/01/2020 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 11/03/2020 as 12:03
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O Cora (Construção da Agricultura Revolucionária) é projetado para incentivar hábitos de vida saudáveis ​​e sustentáveis – Foto: Cedida pelo grupo/Divulgação

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Produzir alimentos em escala, no centro de uma grande cidade. Essa é a proposta do Urban Greenhouse Challenge 2, um desafio organizado pela Wageningen University & Research (WUR), na Holanda, que, em 2019, convocou estudantes do mundo inteiro para projetar estufas urbanas inovadoras. Em janeiro deste ano, uma equipe multidisciplinar formada na USP se tornou a única representante brasileira entre os semifinalistas.

A premiação é de mais de 15 mil euros e o conceito vencedor irá inspirar um novo projeto de desenvolvimento na cidade de Dongguan, uma das maiores áreas urbanas do mundo, localizada no centro de inovação da China.

De acordo com Ana Victoria Silva Gonçalves, estudante de Arquitetura do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP em São Carlos e membro da equipe selecionada, o desafio envolve três pilares: urbanismo, circularidade e sustentabilidade. “A ideia é repensar a produção de alimentos e trazer as chamadas ‘fazendas urbanas’ para o próximo nível”, explica.

Formada por dez estudantes dos cursos de Engenharia Agronômica, Arquitetura e Engenharia Elétrica, a equipe é coordenada pelo professor Brunno da Silva Cerozi, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP em Piracicaba.

 

A Rainforest Team é a única equipe da América Latina no Student Challenge – Foto cedida pelo grupo

Agricultura e cidades

Em 2016, um estudo publicado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês) revelou que a produção mundial de alimentos até então era suficiente para suprir a demanda de 7,3 bilhões de pessoas no mundo. Entretanto, a maneira como essa produção é realizada e distribuída tem gerado impactos ambientais severos.

“Temos perdido muitos biomas por causa da produção de alimentos em larga escala”, esclarece Ana. Para ela e sua equipe, reconsiderar essa produção e usar a tecnologia que temos à disposição de forma mais inteligente pode ajudar consideravelmente a mudar esse cenário.

“Precisamos repensar essa produção alimentar que hoje está muito inserida na área rural, e tentar trazer ela para a área urbana, envolvendo mais os usuários, barateando custos e diminuindo perdas”, aponta a estudante. E é aí que entra o modelo das estufas urbanas que o grupo propõe para vencer o desafio, o Cora – Construção da Agricultura Revolucionária.

A ideia é desenvolver uma estufa urbana icônica e circular para uma cidade real, capaz de produzir alimentos seguros e saudáveis para os bairros locais e mercados comerciais, além de estimular um estilo de vida saudável e interações com os moradores da cidade.

Para os criadores da competição, o conceito por trás dos novos modelos de estufa urbana se traduz em um complexo agroalimentar que inclui, por exemplo, a agricultura vertical e sistemas de cultivo integrados, como a aquaponia, um sistema de produção de alimentos que combina a aquicultura convencional com a hidroponia em um ambiente em sincronia.

 

A equipe é formada por Ana Victoria Gonçalves, André Devay, Beatriz Alcantara, Camilla Degasparini, Gabriel Coneglian, Guilherme Quinilato, Ingridth Hopp, Juliana Santos, Matheus Motta e Natalia Jacomino – Foto cedida pelo grupo

 

Apoio financeiro

“No início do desafio, eram 53 times de 79 universidades e já éramos o único time do Brasil e também da USP”, conta Ana. Na semifinal, 20 equipes foram selecionadas para uma etapa que prevê uma viagem à China em março.

Para essa jornada, dois membros da equipe viajam com hospedagem e alimentação garantidas pelos organizadores da competição. No entanto, as passagens aéreas devem ser custeadas pelos próprios participantes. Por isso, a equipe da USP busca apoio.

“Estamos procurando apoio de institutos e empresas e fazendo uma campanha de financiamento on-line”, revela Ana. A campanha pode ser acessada neste link.

 

O Cora fornece um ambiente seguro e interativo para a produção de alimentos e interações sociais – Foto: Divulgação

 

Após a imersão na cidade de Dongguan, começa a etapa final da competição, que se encerra na metade do ano. Nela, as dez equipes finalistas se reunirão para participar de um bootcamp, um treinamento intensivo que irá durar de três a sete dias, na sede da WUR, na Holanda.

Além da experiência internacional, Ana destaca que participar da competição também expandiu os horizontes dos alunos que, antes do concurso, nunca haviam trabalhado juntos. “O desafio já trouxe muito aprendizado para nós porque somos uma equipe que não se conhecia antes”, reflete ela. Com estudantes de cursos diferentes localizados em São Carlos e em Piracicaba, se reunir presencialmente envolveu um problema logístico desde o começo.

“Como estudante de arquitetura, eu acho que é muito importante participar desses desafios. Esse projeto traz uma proposta diferente e criou uma experiência de como trabalhar com pessoas de fora da arquitetura”, conclui Ana.

A equipe vencedora do Urban Greenhouse Challenge 2 será anunciada em junho, na Holanda.

 

O Cora foi projetado para abraçar e estimular a vida da cidade, destacando-se em seu contexto e função em ligação direta com o ambiente – Foto cedida pelo grupo

 

Mais informações: site https://urbangreenhousechallenge.nl/
Vakinha on-line: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/team-usp-vai-a-china

 


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