Luz de LED ajuda a combater fungo causador da candidíase

Em testes in vitro, técnica se mostrou 7 vezes mais eficaz do que aplicações atuais que envolvem o uso de luz

 15/12/2017 - Publicado há 6 anos
Geralmente, a Candida albicans causa a candidíase, uma infecção que surge principalmente na boca e em órgãos genitais – Foto: Divulgação

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m novo método à base de um diodo emissor de luz, também conhecido pela sigla em inglês LED (Light Emitting Diode) combateu células do fungo Candida albicans, se mostrando sete vezes mais eficaz do que outras metodologias que também são baseadas no uso da luz para tratar doenças (como micose de unha). A constatação é de pesquisadores do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, em artigo publicado no mês de novembro, na revista científica Journal of Biophotonics.

Geralmente, a Candida albicans causa a candidíase, uma infecção que surge principalmente na boca e em órgãos genitais, em razão de fatores como o uso prolongado de roupas úmidas e relações sexuais sem o uso de preservativos. Hoje, o tratamento da candidíase é feito por meio do uso de antifúngicos, que, segundo pesquisadores envolvidos na pesquisa em destaque, pode gerar efeitos colaterais.

Os pesquisadores Renan Arnon Romano e Sebastião Pratavieira, alguns dos responsáveis pelo estudo, explicam que, convencionalmente, o protocolo do tratamento à base de luz, dedicado a doenças, é dividido em duas fases: inicialmente, aplica-se um medicamento (ele é chamado de fotossensibilizador, porque é estimulado por luz) na pele do paciente, que fica em “incubação” durante 20 minutos para que o fotossensibilizador interaja com a membrana celular ou penetre nas células que causam as complicações; passado esse tempo, aplica-se a luz em determinada intensidade que estimula o fotossensibilizador a liberar substâncias que são tóxicas para alguns micro-organismos – inclusive para a Candida albicans.

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Mais eficiência

Pensando na comodidade de pacientes, Romano modificou o protocolo já estabelecido para verificar se, ao expor as células dos fungos ao LED de baixa intensidade, o tratamento da candidíase seria mais eficaz. Usando células de Candidas albicans cultivadas em laboratório e o fotossensibilizador Photogem, ele substituiu o período de “incubação” por dez minutos de aplicação de luz em baixa intensidade, tendo em outro momento aplicado a luz mais intensa (usada nos tratamentos convencionais após a “incubação”) durante 20 minutos. Em um microscópio confocal, os pesquisadores observaram as moléculas do fármaco atuando contra as células de Candida albicans, tendo observado que a pré-iluminação com LED de baixa intensidade induziu a uma incorporação mais eficiente do Photogem, tendo sido sete vezes mais eficaz do que os tratamentos atuais que se baseiam na aplicação de luz.

Romano deduz que a primeira aplicação menos intensa de LED causou danos nas células de Candida albicans, desregulando-as, de modo que a segunda aplicação (a mais intensa) as combateu, tratando a infecção.

Na imagem abaixo, divulgada por Romano em uma publicação no portal Biophotonics.World, pode-se visualizar as células combatidas (em vermelho), durante os testes realizados em São Carlos:

Foto: Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP

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Nos estudos in vitro, bastou uma sessão de tratamento para combater esse tipo de fungo, eliminando 99% de suas células. No entanto, os pesquisadores estão propondo a execução de testes clínicos (in vivo) para verificar novos resultados. Ao mesmo tempo, eles têm executado estudos in vitro para verificar o potencial da associação do LED com outro fotossensibilizador: a curcumina, um corante derivado da planta cúrcuma, que também libera moléculas tóxicas para alguns micro-organismos ao ser excitado por um tipo específico de luz.

Os pesquisadores, que foram orientados pelo professor Francisco Eduardo Gontijo Guimarães (IFSC) e que trabalharam em parceria com os cientistas Ana Paula da Silva, Cristina Kurachi e Vanderlei Bagnato (todos do IFSC), também pretendem testar a mesma estratégia em células de mama e em infecções causadas por bactérias, visando a tratamentos inéditos.

Rui Sintra e Thierry Santos, da Assessoria de Comunicação IFSC/USP
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