Durante estágio de pós-doutorado na Universidade Católica de Leuven, na Bélgica, sob supervisão do professor Jan Tytgat, Boldrini-França resolveu testar a proteína recombinante – como é chamada a versão produzida pela levedura – em estruturas presentes em diversos tipos de tumores.
“Era algo improvável de dar certo, uma vez que a collineína-1 é considerada uma proteína grande e costumamos testar moléculas menores nos chamados canais iônicos, que são os alvos de alguns medicamentos contra o câncer”, relata Arantes.
Para a surpresa do grupo, a proteína recombinante agiu sobre um determinado tipo de canal para potássio presente em uma linhagem de tumor de mama, reduzindo a sua viabilidade sem afetar tecidos saudáveis. O trabalho foi publicado no ano passado na revista Scientific Reports.
Quando usada a versão peguilada da molécula, porém, não houve atividade anticancerígena. “A propriedade antitumoral não depende da atividade enzimática da molécula, apenas do tamanho dela, que bloqueia o canal para potássio. Com a peguilação, porém, ela ficou grande demais e não se encaixou nesse alvo”, diz Boldrini-França.
“Em muitos casos, a peguilação é capaz de levar uma molécula da bancada do laboratório para a indústria. É o que pretendemos agora”, encerra Pinheiro Júnior.
O trabalho integra outros dois projetos apoiados pela Fapesp, além de bolsa de doutorado e pós-doutorado. O artigo Towards toxin PEGylation: The example of rCollinein-1, a snake venom thrombin-like enzyme, as a PEGylated biopharmaceutical prototype está disponível para leitura online.
Este texto foi originalmente publicado por Agência Fapesp de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.