Pesquisadores da USP se unem em projeto de rede de pesquisa solidária, a fim de aperfeiçoar as políticas públicas do governo para o enfrentamento da crise do coronavírus. O projeto Covid-19: Políticas Públicas e as Respostas da Sociedade é uma iniciativa de pesquisadores para calibrar o foco e aperfeiçoar a qualidade das políticas públicas dos governos nos diferentes níveis de atuação.
“Vivemos uma situação excepcional e não podemos parar de jeito nenhum com nossas atividades de pesquisa, em especial num momento em que há um abalo muito grande nas certezas, num mar de notícias que são desencontradas. A confusão é grande, não há uma atuação que tem uma voz única dos governos federal e estaduais”, comenta o professor Glauco Arbix, do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, coordenador do Observatório da Inovação do Instituto de Estudos Avançados (IEA), um dos coordenadores do projeto, ao Jornal da USP no Ar.
Pensando na dimensão do desafio, pesquisadores começaram a reunir especialistas de várias áreas, como humanas, medicina, engenharia e estatística, a fim de “avaliar a qualidade daquilo que é feito pelo setor público para pessoas que estão enfrentando dificuldades, seja no âmbito da saúde, da economia e, agora, para entender o que o mundo da política conta para nós”, explica Arbix.
Os pesquisadores do projeto montaram quatro frentes relacionadas à pandemia. A primeira trata do distanciamento e da quarentena, avalizando a questão da saúde pública e os impactos na política fiscal. “Conversando com outras universidades, como a de Oxford, na Inglaterra, e a de Chicago e Columbia, nos EUA, percebemos que os critérios para definição de políticas públicas no Brasil são falhos, e é disso que esse primeiro projeto trata”, aponta o professor.
O segundo é um projeto qualitativo sobre as dificuldades que comunidades deprimidas, do ponto de vista de renda e de salário estão passando, a fim de montar um quadro sobre as necessidades dessa população. Já o terceiro é um projeto ligado ao mercado de trabalho para identificar as categorias mais essenciais no Brasil e acompanhar, por exemplo, do ponto de vista da renda, se conseguem trabalhar de casa ou não, explica o professor.
A malha de proteção social é o foco do quarto projeto: como os instrumentos, ferramentas e programas que já existiam, como o Bolsa Família, e que estão sendo criados, como o coronavoucher, auxiliam a população e amenizam o impacto negativo da pandemia. “Nossa avaliação é saber se essas mudanças e decisões do governo federal e dos governos estaduais estão sendo suficientes”, afirma Arbix.
Ele explica que os projetos já estão em andamento e serão divulgados em boletins semanais. “Serão boletins que procuram estar baseados em fatos e dados coletados e trabalhados por indicadores, com ferramentas avançadas a que temos acesso, justamente para melhorar a qualidade das políticas públicas”, finaliza.
A rede de pesquisa solidária conta com apoio de diversas instituições: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Assistida por Computação Científica, Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Observatório da Inovação, Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR, Instituto de Estudos Avançados da USP, Instituto de Pesquisas do Hospital Albert Einstein, Centro de Estudos da Metrópole (CEM) da USP, Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da UFMG e Centro de Ciência e Tecnolgia do Ipea e também das empresas InLoco e The Great Place to Work.
Ouça a entrevista na íntegra.
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