O Momento USP Inovação desta semana promoveu um debate com o reitor da Universidade e o coordenador da Agência USP de Inovação sobre o contexto atual da inovação na Universidade de São Paulo. Conforme avaliação do reitor Vahan Agopyan, o tema está intimamente relacionado à transformação do conhecimento desenvolvido nas faculdades em benefícios para a sociedade – o que, para ele, é um dever das universidades públicas. O professor lembra, ainda, que a preocupação com o assunto é constante desde os tempos de fundação da USP.
Antonio Carlos Marques, coordenador da Agência USP de Inovação (Auspin), completa dizendo que “a USP tem no seu DNA a participação no processo de inovação do Estado e do País”. A Auspin, revela Marques, não produz inovação: ela atua como mediadora, compreendendo as expectativas da comunidade universitária e da sociedade e ponderando as iniciativas pelas quais pode atuar no desenvolvimento de inovação.
Sobre o patenteamento de conhecimentos gerados por pesquisadores da USP –, responsável por 22% da produção científica nacional – , o professor Vahan Agopyan diz ser uma prática comum às universidades do mundo todo, que pretendem garantir a “paternidade” de uma ideia ou produto inovador, sem visar a possíveis lucros com a medida. Ainda segundo o reitor, a Universidade de São Paulo não está preocupada com sua posição no ranking mundial de patentes e, sim, com a qualidade de conhecimento que foi transferido para a sociedade.
Como medida de incentivo à inovação e à pesquisa científica, foi publicado pelo governo federal, em fevereiro de 2018, o decreto de regulamentação da Lei de Inovação. O reitor avalia a legislação a esse respeito muito positivamente, pois havia insegurança jurídica, o que estimulou sua atualização. Como resultado, Agopyan diz que a interação entre desenvolvedor e beneficiário do conhecimento está sendo estimulado.
Marques concorda com o otimismo em relação ao decreto e acrescenta que parte dessa legislação se baseou em posições já adotadas anteriormente pela Universidade. Ele lembra, porém, que a USP possui normas e regulamentos internos que entram em conflito com essas leis maiores, em geral mais permissivas. Cabe aos responsáveis, agora, um esforço para definir os contornos dessa sistemática, o que tem sido feito pela Reitoria.
Concluindo, o reitor entende o pilar de sustentação da USP como sendo o conhecimento circulante dentro da Universidade. A inovação seria, nesse contexto, uma das ferramentas – como são a interdisciplinaridade e a internacionalização – de formação do profissional do século 21. O professor Agopyan diz que os cursos devem tratar dessas questões, não por meio de disciplinas específicas, mas, sim, pela vivência de uma prática cotidiana, por parte de professores e alunos.
Marques acredita ser a inovação uma consequência natural da produção de conhecimento. Compete à Universidade e à Auspin o estabelecimento e a fixação dessa cultura inovadora, por meio do estímulo e capacitação dos alunos, desde o momento do seu ingresso no curso. Segundo o professor, inovação e empreendedorismo andam juntos e todo pesquisador é um empreendedor nato.
Jornal da USP no Ar, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados (IEA), Faculdade de Medicina (FM) e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.
Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo (FM 93.7), em Ribeirão Preto (FM 107.9), pela internet ou pelo aplicativo no celular. Você pode ouvir a entrevista completa no player acima.