Organismo age sobre o coronavírus desde as primeiras horas de infecção

Regina Pekelmann explica que o processo de combate ao vírus, desde a invasão, é a chave para a produção de fármacos, segundo revela estudo do qual a professora participou

 01/06/2020 - Publicado há 4 anos
Logo da Rádio USP

Os primeiros sintomas da covid-19 normalmente aparecem entre cinco e sete dias após o sars-cov-2 invadir o organismo e, em alguns casos, sequer se manifestam. Porém, desde os primeiros momentos da infecção, o corpo humano já age sobre o coronavírus. É o que a professora do Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências (IB) da USP e coordenadora de pesquisa sobre o papel da melatonina na imunidade, Regina Pekelmann Markus, explica em entrevista ao Jornal da USP no Ar.

A partir de um estudo — do qual a professora participou — sobre o papel da melatonina na imunidade, foi descoberto que, nas primeiras horas de uma agressão, seja por vírus, bactérias, poluição ou por uma cirurgia, o organismo gera uma resposta. Ele o faz de maneira padrão: as células de defesa entram exatamente onde houve o ataque.

“Você vê uma picada de mosquito no seu braço, fica vermelho, vai ficar uma pápula, e isso é um processo para resolver aquela agressão. E isso acontece em qualquer outro lugar do corpo. Para essas células migrarem, portas se abrem. A melatonina, hormônio do escuro, fecha essas portas”, discorre Regina.

Enquanto o organismo está em condições normais, as células de defesa permanecem encarceradas por esse hormônio. Contudo, quando o corpo humano percebe algum agente agressor, a melatonina permite que essas células se libertem e combatam a ameaça.

Por meio de estudos relacionados a essa ação, os pesquisadores descobriram que a atividade se dá de maneira diferente no pulmão. Ao analisar as implicações da poluição neste órgão, os cientistas perceberam que nem todas as células de defesa que atuam nessa área vêm do sangue; algumas estão presentes na parte aérea do pulmão, prontas para combater agentes que invadam via respiração: elas englobam tais partículas estranhas, como a própria poluição, e as combatem.

Um dos primeiros demonstrativos de que o sars-cov-2 atingiu um organismo é, portanto, a tosse com catarro, visto que essa composição é usada pelo sistema para expelir os agentes invasores que foram engolfados pelas células de defesa. As conclusões obtidas nesse estudo permitem avanços no desenvolvimento de certos fármacos e abrem precedente para uma análise mais profunda em relação à transformação do pulmão ao longo da vivência humana, como você confere no link acima.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 

 

 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.