Fotobiomodulação trata dores utilizando luz

Pesquisadores explicam tratamento em teste no Hospital das Clínicas, é possível calcular a dose personalizada para cada pessoa

 19/09/2018 - Publicado há 6 anos

jorusp

Um remédio digital capaz de tratar a dor. Assim como um fármaco tem de chegar ao seu alvo dentro do organismo na quantidade correta, existe também uma dose ideal para que a luz tenha efeitos benéficos no organismo, como crescimento de cabelo, melhora de cicatrização, tratamento de envenenamentos, de AVC e até mesmo de depressão e dor.

A meta de pesquisadores da USP é desenvolver um sistema de inteligência artificial capaz de encontrar quanto de luz deve ser fornecido para cada condição e cada paciente, a fim de obter o melhor resultado terapêutico. O remédio vem sendo testado em pacientes do Hospital das Clínicas. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, Marcelo Souza, doutor em Física pelo Instituto de Física (IF) da USP, responsável pela startup de Fotomedicina, e Hazem Adel Ashmawi, professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina (FM) e supervisor da equipe de Controle de Dor da Divisão de Anestesia do Hospital das Clínicas (HC), explicaram a fotobiomodulação.

Marcelo Souza esclarece que a fotomedicina existe há pelo menos 50 anos, tendo surgido na Europa. O grande passo dado recentemente no Brasil foi a otimização da dose da terapia, o que trouxe a possibilidade de encaixá-la no sistema médico, tornando-a prescritiva e muito mais efetiva. Hazem Adel Ashmawi fala que a fotobiomodulação no tratamento da dor pode ser utilizada como efeito analgésico e anti-inflamatório, o que permite o uso da terapêutica em dores agudas e crônicas. No projeto, os pacientes escolhidos possuíam osteoartrite de joelho, condição em que a presença de dor é um forte sintoma clínico. Com o envelhecimento da população, a tendência é que casos da doença cresçam, ou seja, tratamentos como esse serão cada vez mais necessários.

Segundo Marcelo Souza, o projeto desenvolvido na empresa Bright,  com financiamento da Pipe (Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas) e da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo), possibilita que a dosimetria da luz (cálculo da dose) seja personalizada para cada pessoa. Por exemplo, pacientes com peles de cores diferentes recebem doses diferentes porque as partículas de luz são absorvidas de forma variada. Ele comenta que é uma pesquisa relevante feita no País, com ciência, tecnologia e cientistas brasileiros.

O professor Hazem ressalta que a terapêutica abre um leque para tratamento de dores crônicas e agudas de uma maneira geral, como lombalgia, dores por lesão de nervos e musculares. Há outras áreas da medicina que também poderão utilizar a fotobiomodulação, como o campo da neuropsiquiatria.

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