Desigualdade se mantém estável no Brasil

Em meio à crise política e econômica, o Brasil registrou em 2015 uma alta no índice que mede a concentração de renda. Mas o dado ainda indica uma situação de estabilidade do nível da desigualdade, segundo a cientista política Marta Arretche, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e diretora do Centro de Estudos da Metrópole

 30/03/2016 - Publicado há 8 anos     Atualizado: 18/10/2019 as 11:34
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Em 2015, o Brasil teve a primeira alta da desigualdade registrada no País no século XXI. O aumento foi verificado pelo índice de Gini, que cresceu 0,008 ponto no quarto trimestre de 2015 em relação ao mesmo período de 2015. A alta rompe com a sequência de resultados de queda do índice que marcou os últimos 15 anos. No entanto, para Marta Arretche, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e diretora do Centro de Estudos da Metrópole, o dado aponta mais para uma situação de estabilidade da desigualdade do que para um quadro de aumento significativo. Confira a entrevista no podcast do Ciência USP:

O índice de Gini, criado pelo estatístico italiano Corrado Gini, em 1912, é um instrumento que mede a concentração de renda e é usado para calcular a desigualdade social. A medida vai de zero a um – sendo UM, o equivalente a uma distribuição de renda totalmente igualitária, e o ZERO, uma situação hipotética na qual apenas uma pessoa, ou um grupo muito pequeno de pessoas, concentram toda a renda da sociedade em que vivem. O cálculo é feito a partir do total da renda da sociedade que se pretende analisar. No Brasil, ele é calculado a partir dos dados da PNAD – a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. A pesquisa é realizada pelo IBGE desde a década de 1970.

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Mapa do Mundo pelo Índice Gini de distribuição de desigualdade de renda por país

Os dados mais recentes da PNAD Contínua, indicam que, no trimestre que acabou em janeiro, houve aumento da taxa de desemprego, que chegou a 9,5%, e uma queda de 2,4% no rendimento médio dos trabalhadores brasileiros, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Marta Arretche destaca que é importante desagregar esses indicadores para entender quem mais perde na atual crise econômica. Segundo a professora, políticas como o Bolsa Família e a correção do salário mínimo pela inflação protegem os mais pobres e menos escolarizados dos efeitos mais perversos da crise.


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