O reino das plantas, embora antigo e imenso, ainda não está bem definido. A história evolutiva das plantas continua esfíngica mesmo para questões mais preliminares, como por exemplo sua classificação. Até o século XX, mantinha-se a definição proposta por Aristóteles e Teofrasto, que dividia os organismos vivos em dois grandes grupos: plantas e animais. Mas a partir da segunda metade do século XIX, com o avanço das descobertas científicas, outros níveis hierárquicos foram incorporados e acomodaram melhor as espécies e suas relações ancestrais. Atualmente, as plantas são divididas entre as que têm – ou não – tecidos vasculares por onde circula a água (pteridófitas e briófitas, respectivamente) e as que têm ou não flores (angiospermas e gimnospermas, respectivamente).
A mãe de todas as flores
E foi na ancestralidade que um grupo internacional de botânicos da França, Áustria, EUA e Brasil conseguiu dar luz ao ainda misterioso passado da flor de angiosperma. Os pesquisadores utilizaram sofisticados métodos de análise da estrutura de flores existentes, de alguns fósseis existentes e de probabilidade para analisar o maior conjunto de dados florais já montados. O objetivo era responder à pergunta: como era a mãe de todas as flores? “Conseguimos inferir em 140 milhões de anos atrás. A gente não tem fósseis desse período”, conta Juliana sobre a flor proposta pela pesquisa.
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Juliana Ottra, botânica da USP e uma das autoras do artigo, conta como era sua estrutura, tamanho e órgãos reprodutores. Na playlist feita pelo Ciência USP, a cientista explica a complexidade das flores e faz paralelos entre plantas terrestres, gimnospermas até as angiospermas. Em um minuto e meio, ela também conta como é a estrutura floral e porque as flores são uma inovação evolutiva.
O artigo “The ancestral flower of angiosperms and its early diversification” foi publicado na revista Nature Communications.