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Escolher a profissão é também uma forma de escolher o seu lugar no mundo. Uma decisão significa deixar de lado uma outra possibilidade. A transição de aluno do ensino médio para a vida universitária inevitavelmente traz mudanças, expectativas quanto ao mercado de trabalho, insegurança quanto ao futuro – “terei sucesso ou fracasso”? Para muitos alunos, fatores externos como barreiras econômicas e sociais acabam por impedi-los de tentar cursar uma faculdade.
Conhecer o perfil dos estudantes com interesse de ingressar em um curso de graduação em relação à idade, nível socioeconômico e preferências de áreas de estudo foi o objetivo das autoras de artigo recém-publicado na Revista de Graduação, a partir de pesquisa foi realizada com estudantes do ensino médio, a maioria do 3º ano e do cursinho pré-vestibular do município de Bauru, estado de São Paulo.
De acordo com o estudo, baseado na aplicação de questionários, os fatores que mais pesam na escolha da profissão são o apreço pela área (a maioria citou “gostar da área de atuação” como o fator que mais influencia); o piso salarial da carreira e a afinidade com disciplinas do ensino médio relacionadas. Já na escolha do curso de graduação, aparecem como mais relevantes o desejo de pertencer a uma instituição pública, o identificar-se com a área; e a situação do mercado de trabalho.
Sonhos e barreiras
Se por um lado as pesquisas apontam como importantes na decisão aspectos como a obrigação de administrar os negócios de família, os valores pessoais, as habilidades, a personalidade, as expectativas com relação ao futuro e a preocupação com o retorno financeiro, por outro, alguns estudantes ainda fazem a escolha profissional buscando a realização de seus sonhos.
É claro que a necessidade de trabalhar e o fato de não ter como pagar um cursinho pré-vestibular e, depois, a faculdade, acabam influenciando as escolhas, principalmente dos alunos do ensino médio da rede pública de ensino. Uma medida que buscou amenizar essa dificuldade foi a criação do Plano Nacional de Educação (PNE), previsto para vigorar até 2020. A meta é possibilitar o acesso ao nível superior para todos que assim desejam.
Mas, como ressaltam as autoras, não basta a inclusão de jovens de baixa condição social nas universidades – é preciso garantir sua continuidade, a permanência desses alunos na instituição de ensino. Segundo elas, o êxito do processo de adaptação ao ensino superior requer políticas de permanência e o preparo dos docentes e da equipe da graduação.
Informação
A escolha da profissão requer informações da área e da carreira, o que pode clarear as dúvidas dos estudantes em plena fase de transição para a vida adulta. Segundo o estudo, os estudantes que dispõem de maior renda familiar têm maiores e melhores condições de acesso a informações sobre as diferentes profissões da atualidade, o que torna mais fácil a opção.
Para o sucesso na carreira, porém, além de uma escolha consciente, os alunos também precisam de informação para se preparem para as dificuldades do universo acadêmico, se adaptando mais facilmente à transição do ensino médio para a faculdade.
Ana Paula Carvalho Corrêa, Caroline Antonelli Mendes, Francielle Martins Ferreira, Giédre Berretin-Felix, Kelly Cristina Alves Silverio e Maria Gabriela Cavalheiro são da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP
CAVALHEIRO, Maria Gabriela et al. O Que os Estudantes Consideram na Escolha do Curso de Graduação? Revista de Graduação USP, São Paulo, v. 3, n. 2, p. 63-69, jul. 2018. ISSN: 2525-376X. DOI: http://dx.doi.org/10.11606/issn.2525-376X.v3i2p63-69. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/gradmais/article/view/147918. Acesso em: 20 jul. 2018.
Margareth Artur / Portal de Revistas da USP