Estudantes de 3ª e 4ª anos de escolas públicas e privadas de Ribeirão Preto vão participar de um estudo que busca avaliar as habilidades socioemocionais, ou seja, não cognitivo, que são um conjunto de competências desenvolvidas a partir das relações com outras pessoas e consigo mesmo, como, por exemplo, empatia, resiliência, organização, abertura a novas experiência e alto-estima.
Os pesquisadores do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (Lepes), vinculado à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP, querem descrever a realidade dos estudantes de Ribeirão Preto e entender a fundo a relação das características socioemocionais com resultados escolares e outros fatores importantes para a formação dos jovens como alunos e cidadãos.
A literatura científica já possui resultados importantes sobre o papel das habilidades não cognitivas para o aprendizado e para o melhor desempenho acadêmico e inserção de jovens no mercado de trabalho. Além do estudo sobre as habilidades socioemocionais, a pesquisa também fará avaliações das habilidades cognitivas, como a proficiência em língua portuguesa e matemática.
A pesquisa pretende alcançar mais de 15 mil crianças das 30 escolas públicas municipais, 39 estaduais, além de, pelo menos, 44 escolas particulares das atualmente 70 que oferecem o ensino fundamental I. Segundo os pesquisadores, as aplicações serão feitas em tablets com questões de conteúdo em português, matemática e habilidades socioemocionais.
Além da avaliação das crianças, será solicitado que os professores responsáveis por cada turma respondam a um questionário sobre expectativas criadas no contexto escolar e a transição da Base Nacional Comum Curricular. As aplicações acontecerão entre os meses de agosto e outubro deste ano.
O projeto é coordenado pelos professores Luiz Guilherme Scorzafave e Daniel dos Santos, ambos da FEA-RP, e Maria da Conceição Saraiva, da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP) da USP, e conta, ainda, com a colaboração da equipe do Lepes.
O instrumento de avaliação socioambiental
A pesquisa será feita com aplicação de um questionário baseado no instrumento SENNA, sistema de mensuração de características socioemocionais dos estudantes brasileiros que foi desenvolvido pelo Lepes, em parceria com o Instituto Ayrton Senna e o Edulab 21, também vinculados ao Instituto.
O instrumento faz a mensuração de competências socioemocionais nas redes de ensino, por meio da avaliação e acompanhamento de competências para a vida. Surgiu para apoiar educadores e gestores e contribuir para a criação e a qualificação de políticas públicas adaptativas para a promoção da educação integral.
As escolas que participarem do estudo vão receber o selo Escola Amiga da Ciência, criado pelo Lepes, como forma de reconhecimento e agradecimento às escolas participantes. O selo foi criado para essa pesquisa e serve de estímulo para mais escolas aderirem à pesquisa. Ao todo, 69 escolas públicas participarão da pesquisa por meio da parceria com as secretarias municipal e estadual de Educação e mais escolas privadas da cidade estão aderindo ao projeto.
Lepes
O Lepes foi criado em 2011 pelos professores Santos, Scorzafave e, ainda, a professora Elaine Pazello, que também é da FEA-RP, com o objetivo de desenvolver pesquisas e fazer avaliações de impacto de políticas sociais e programas específicos das áreas de desenvolvimento infantil, desenvolvimento socioemocional, gestão escolar e violência e criminalidade. A ideia é expandir a fronteira do conhecimento e trabalhar para a melhor formulação de políticas públicas.
Para isso, faz parcerias e desenvolve projetos para diversas instituições no Brasil e internacionais, como, por exemplo, o Instituto Ayrton Senna e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O primeiro trabalho do grupo foi elaborar o questionário do Jovem Cientista para o Instituto Unibanco, em 2011.
Mais informações podem ser obtidas no site do laboratório.