Trabalho de São Carlos em ciência de materiais recebe prêmio internacional

Apresentação abordou revisão do processo de têmpera Uphill em peças de ligas de alumínio, que alivia tensões residuais após retirada das peças do forno, fazendo com que elas sofram contração e dilatação em partes diferentes

 23/05/2016 - Publicado há 8 anos     Atualizado: 30/05/2016 as 16:03

A Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP recebeu um prêmio internacional durante o “23rd International Federation for Heat Treatment and Surface Engineering (IFHTSE) Congress”, realizado na cidade de Savannah, Georgia, nos Estados Unidos, em abril. O Linde Best Poster Award foi entregue ao trabalho Uphill Quenching of Aluminum Alloys: A Process Review, desenvolvido pelo doutorando em Ciência e Engenharia de Materiais, Wellington da Silva Mattos, sob a orientação da professora Lauralice de Campos Franceschini Canale.

A apresentação abordou a revisão do processo de têmpera Uphill em peças de ligas de alumínio – uma técnica criada há mais de 50 anos e que tem como objetivo aliviar tensões residuais após retirada das peças do forno, fazendo com que elas sofram contração e dilatação em partes diferentes. As tensões residuais são esforços internos que permanecem no material após algum processo térmico ou mecânico.

Como o tratamento térmico (têmpera ou resfriamento) é a principal causa da geração dessas tensões em ligas de alumínio, o processo Uphill foi o estudado por ser capaz de gerar um ciclo térmico a partir da temperatura final de têmpera até temperaturas muito baixas, mergulhando as peças em nitrogênio líquido (-196,5°C) e, com a estabilização térmica, realiza-se o aquecimento das peças uma temperatura entre 80 e 90°C. “Assim, obtém-se uma significativa variação térmica gerando tensões residuais opostas, que cancelam as tensões residuais pré-existentes no material após têmpera, aliviando-se em até 80 a 90%. As vantagens disso são que esse processo colabora para eliminar problemas de distorção ou empenamento após a usinagem e aumenta vida operacional do material”, explicou Mattos.

Segundo Lauralice, o destaque da pesquisa se deu pela importante contribuição do engenheiro da Tom Croucher Metallurgical Service, Tom Croucher – que explorou primeiramente a técnica Uphill –, ao orientar Mattos sobre como construir um sistema que permitisse a realização de testes em laboratório, bem como na transmissão de preciosas informações e elucidação de questões pertinentes, além de fornecer seus vídeos e livro em que apresenta toda a sua experiência com esse processo. “Esse fato deu uma credibilidade ainda maior ao trabalho, que por si só já tinha méritos”, afirmou. Além de Croucher, colaboraram também na pesquisa George E. Totten, da Portland State University, e Scott Mackenzie, da Houghton International Inc.

Ainda para a docente, o prêmio tem um destaque muito importante pelo fato de o congresso internacional ser um dos melhores da área, envolvendo a Americam Society of Materials (ASM) e a IFHTSE, contando com a participação de pesquisadores de todas as partes do mundo.

“Isso significa que estamos despertando o interesse da comunidade tecnológica e científica dentro da engenharia de materiais. É como um reconhecimento e um incentivo para que possamos continuar em frente. Prêmios como esse fortalecem a visibilidade internacional da EESC e, consequentemente, da USP”, salientou a professora.

Mattos comentou que foi uma surpresa ter sido premiado e que ficou muito feliz, pois foi um grande reconhecimento de seu trabalho. Ele ainda afirmou que a pesquisa terá continuidade, por ser o assunto principal de sua tese de doutorado. “Estamos pesquisando tipos e concentrações de fluidos de têmperas e comparando com a técnica Uphill, além dos ensaios mecânicos, com o objetivo de demonstrar a viabilidade da aplicação dessa técnica”, explicou. O evento entregou ao autor do trabalho um certificado do prêmio e uma gratificação no valor de € 500.

Com informações de Keite Marques, da Assessoria de Comunicação da EESC

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