Projeto envolve a comunidade para diminuir riscos de deslizamento

Estudo avalia método com infraestrutura de base comunitária para ser aplicado em cidades latino-americanas

 28/02/2018 - Publicado há 7 anos     Atualizado: 02/03/2018 às 10:14
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Enchentes e deslizamentos de terra que atingiram Nova Friburgo (RJ) em janeiro de 2011 – Foto: Paulo Hebmuller/Arquivo Jornal da USP

O Brasil é um dos poucos países que não sofrem com fortes abalos sísmicos ou furacões, porém, nem por isso se pode dizer que ele está livre de desastres, como os relacionados ao clima. Segundo um levantamento da ONU realizado em 2015, o País está no top 10 de países que mais sofreram com eles nas últimas décadas. Um dos mais frequentes é o deslizamento de terra, que é o objeto de estudo de pesquisadores da Escócia, da Colômbia e do Brasil. Com participação da USP, a pesquisa pretende avaliar um método de gestão de riscos com participação das próprias comunidades que vivem em assentamentos precários. A ideia é que, em longo prazo, a estratégia seja aplicada em cidades latino-americanas, sendo São Paulo a pioneira.

O estudo foi discutido na Reunião da Pesquisa Internacional Coprodução de estratégias de gestão de riscos de deslizamentos por meio do desenvolvimento de infraestrutura de base comunitária nas cidades latino-americanas, que ocorreu no início do ano em Medellín, Colômbia. A pesquisa é financiada pelo governo britânico, que tem o apoio da British Academy e de seu programa Global Challenges Research Fund: Cities & Infrastructure.

Participam do projeto equipes das instituições escocesas Heriot-Watt University e University of Edinburgh, além da Universidad Nacional de Colombia e da Escola Politécnica (Poli) da USP. Do grupo brasileiro fazem parte o coordenador, professor Alex Abiko, do Departamento de Engenharia de Construção Civil, o professor Fernando Marinho, do Departamento de Estruturas e Geotécnica, e a geógrafa Karolyne Ferreira, além da pesquisadora geóloga Alessandra Corsi, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), e de outros pesquisadores do Instituto Geológico IG, da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

“O objetivo da pesquisa é analisar se o método empregado no projeto anterior, realizado apenas entre as universidades escocesas e colombiana, desenvolvido em Medellín, poderia ser utilizado na cidade de São Paulo e desta maneira verificar a sua escalabilidade para demais cidades latino-americanas em similares situações”, declara Alex Abiko.

A reunião da pesquisa internacional Coprodução de estratégias de gestão de riscos de deslizamentos por meio do desenvolvimento de infraestruturas de base comunitária nas cidades latino-americanas contou com especialistas britânicos e latino-americanos – Foto: Alex Kenya Abiko/Arquivo pessoal

O projeto anterior foi desenvolvido sem a participação da USP e focava as condições da cidade de Medellín. Agora, o que está sendo feito é uma análise para saber se a metodologia utilizada naquelas condições poderá ser aplicada em São Paulo. E da capital paulista, a localidade escolhida para a pesquisa foi a comunidade Morada do Sol, que faz parte da região da subprefeitura do Butantã, próximo à Cidade Universitária. De acordo com Abiko, a participação dos moradores da região é essencial para o sucesso do estudo.

“A metodologia envolve, de um lado, a participação dos técnicos do poder público que detêm o conhecimento técnico deste assunto: geólogos, engenheiros e arquitetos. E, do outro, também a participação da comunidade que mora nesses assentamentos, porque são eles que vão poder acompanhar e dar alertas sobre aquilo que está acontecendo em termos de deslizamento, desde trincas nas edificações até algum tipo de movimentação do solo. A ideia da metodologia é aliar o conhecimento técnico ao conhecimento empírico que a comunidade tem no dia a dia das suas atividades.”

O próximo encontro do grupo de pesquisadores tem previsão para ocorrer em agosto, nas cidades de Medellín e de São Paulo. A pesquisa está em desenvolvimento, prevista para ser finalizada ainda no final deste ano. A expectativa é que a metodologia seja levada para outras cidades do continente, adaptando-a às especificidades dos locais.

Mais informações: alex.abiko@usp.br, com o professor Alex Abiko


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