Colher para pessoas com dificuldades motoras será feita no Brasil

Parceria entre universidades encontrou soluções de baixo custo voltadas para pessoas com limitações de movimento

 05/06/2017 - Publicado há 7 anos
A colher poderá ser utilizada por quaisquer pessoas que tenham dificuldades com o utensílio comum – Foto: Divulgação/ EESC

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Um projeto de pesquisa realizado em conjunto entre a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP e a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) gerou um protótipo funcional de uma colher adaptada para pessoas com dificuldades motoras decorrentes de limitações ocasionadas por doenças como, por exemplo, o Parkinson.

Com o protótipo já em fase de testes, ainda deverá ser feito um trabalho de avaliação conjunto entre as duas instituições para os ajustes finais do produto. A perspectiva de lançamento comercial é para o final de 2017 e o preço deve ser acessível aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

O utensílio obtido pode ser utilizado sem restrições por pessoas que tenham graus iniciais da doença de Parkinson ou acometidas de outras doenças e acidentes que geram dificuldades neuromotoras, as quais dificultam a ‘pega’ no cabo de uma colher comum. “O dispositivo projetado possui, no cabo para acomodação da mão, quatro compartimentos nos quais é possível inserir água para alterar o peso, melhorar a estabilidade da preensão [capacidade de agarrar] e, assim, dar mais autonomia ao usuário durante o processo de alimentação”, explica a professora do Departamento de Engenharia Mecânica (SEM) da EESC, Zilda de Castro Silveira.

Como o projeto se desenvolveu?

A demanda por essa pesquisa foi identificada em 2014 pela graduanda em Terapia Ocupacional da UFTM, Beatriz Pachelli, durante o desenvolvimento de seu trabalho de conclusão de curso sob orientação da professora Alessandra Cavalcanti de Albuquerque e Souza. Na ocasião, Beatriz realizou testes com duas colheres, uma padrão e outra adaptada, em pacientes com Parkinson.

Os resultados com o utensílio adaptado foram positivos. Mas por se tratar de um item importado, seu preço é alto. As pesquisadoras consideraram então a possibilidade de se desenvolver um novo modelo de colher que fosse acessível para os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
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Inserindo água no dispositivo é possível regular o peso e a estabilidade do objeto – Foto: Divulgação / EESC

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A partir daí se iniciaria um novo trabalho entre as professoras Alessandra e Zilda de Castro Silveira, do Departamento de Engenharia Mecânica (SEM) da EESC. A professora Zilda já havia atuado como coorientadora de doutorado de Alessandra no programa de Bioengenharia, que, além da EESC, envolve também o Instituto de Química de São Carlos (IQSC) e a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), ambos da USP.

Sob orientação da professora Zilda, o aluno de mestrado do SEM, Artur Valadares de Freitas Santos, trabalhou em seu mestrado na busca de soluções totalmente mecânicas que permitissem um custo de fabricação mais baixo para a colher adaptada.

Santos abordou o processo de melhoria do utensílio para pessoas com algum grau de tremor nas mãos por meio da integração das metodologias de projeto Quality Function Deployment (QFD) e da Teoria da Resolução Inventiva de Problemas (TRIZ). A manufatura aditiva foi utilizada durante a fase conceitual para gerar modelos conceituais e o protótipo funcional a partir de uma impressora 3D do tipo low-end, baseada na técnica de Filament Deposition Modeling (FDM).

A solução conceitual foi patenteada no início deste ano, e o protótipo funcional está em fase de testes preliminares, por meio do delineamento de experimentos denominados Single-User, em um projeto de iniciação científica da UFTM, com apoio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), sob a orientação da professora Alessandra. Esse projeto, em seu estágio atual, conta com o suporte financeiro do projeto de pesquisa focado em Tecnologia Assistiva da chamada CNPq-MCTI-SECIS, nº 20/2016, sob coordenação da professora Zilda.

Com informações das assessorias da EESC e da UFTM

Mais informações: (16) 3373-8604 ou e-mail silveira@sc.usp.br, com a professora Zilda de Castro Silveira


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