Nesse ponto, já fazia dez dias que o animal estava preso, teoricamente sem água e sem comida — além da ovelha que ela tinha arrastado para dentro do buraco. A possibilidade da onça ter morrido era grande, mas Cláudia não podia desistir. Estima-se que haja apenas 30 onças-pintadas restantes na região do Boqueirão — em uma área de 7 mil km2, cinco vezes maior do que o município de São Paulo. “Numa população tão reduzida, qualquer indivíduo a menos é uma perda gigantesca”, explica Cláudia.
Já parruda e saudável novamente, Luísa segue em observação no Cetas da Univasf, acompanhada de perto pelos especialistas. A intenção, eventualmente, é devolvê-la à natureza, equipada com uma coleira de GPS para que os pesquisadores possam rastrear seus passos, monitorar sua saúde e aprender mais sobre o seu comportamento na natureza — gerando, assim, um conhecimento essencial para orientar a conservação da espécie e sua coexistência com os seres humanos do bioma.
Equipe de resgate: Rogério Dell’Antonio (espeleólogo da Egric – Espeleo Grupo Rio Claro/SP); Sgt. Josenilton Santos (biólogo e veterinário do 72º Batalhão da Infantaria Motorizada do Exército); Fábio Walker e Fabrício Silva (veterinários do Cemafauna/Univasf); Paulo Reis (biólogo); Ismael Silva e Mariano Jesus (auxiliares de campo). A coleira de GPS foi doada pela Enel Green Power Brasil e pelo Projeto Onçafari através empresa parceira Pandhora Technologies.