Tratamento com ozônio combate contaminação em produtos de trigo

Pesquisa na USP em Piracicaba usa método para destruição de micotoxinas que pode favorecer processo industrial

 22/03/2018 - Publicado há 6 anos
Toxinas produzidas por fungos podem contaminar produtos agrícolas e causar sérios danos à saúde humana e animal, além de perdas econômicas – Foto: Marcos Santos / USP Imagens

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A segurança alimentar é um tema que envolve pesquisadores de diversas áreas da ciência. Da engenharia agronômica à ciência de alimentos, da nutrição à medicina, a questão é foco também de uma pesquisa realizada na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP que promete contribuir com a indústria ligada à produção de grãos, em especial do trigo.

Com orientação do Pedro Esteves Duarte Augusto, professor do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição, Allana Patrícia Santos Alexandre utilizou a tecnologia do ozônio a fim de reduzir a contaminação de dois tipos de micotoxinas (toxinas de fungos) em produtos de trigo, mais especificamente na farinha de trigo integral, no farelo de trigo e em efluente da moagem. “Também avaliamos o impacto desse processo na qualidade tecnológica e nutricional desses produtos”.

Segundo os pesquisadores, as micotoxinas são substâncias produzidas por fungos que podem contaminar produtos agrícolas nas diversas etapas de produção, desde o campo até o armazenamento. “Elas podem causar sérios danos à saúde humana e animal, além de perdas econômicas. Sendo assim, são necessárias alternativas que reduzam essa contaminação”, comenta Maria Antonia Calori-Domingues, pesquisadora associada do projeto. Uma alternativa para reduzir a contaminação de micotoxinas é a utilização do gás ozônio. “Essa tecnologia já é utilizada para diferentes fins e não gera resíduos tóxicos, sendo considerada ambientalmente favorável”, complementa o professor Pedro.

O trabalho demonstrou que a utilização da tecnologia do ozônio foi eficaz na redução da contaminação das micotoxinas estudadas, sendo os resultados promissores para aplicação industrial. “A continuação dos estudos visa gerar informações para a possibilidade de aplicar esta tecnologia na indústria, seja em produtos para alimentação humana ou animal, com embasamento técnico-científico, visando à segurança alimentar e à obtenção de produtos de melhor qualidade”.

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Tecnologia do ozônio foi eficaz na redução da contaminação de farinha de trigo integral, farelo de trigo e efluente do processo de moagem – Foto: Mudd1 via Wikimedia Commons

Qualidade

A redução da contaminação das duas micotoxinas foi efetiva na farinha de trigo integral, farelo de trigo e efluente do processo de moagem. “Algumas propriedades de qualidade da farinha de trigo integral ozonizada também foram alteradas, o que pode ser desejado ou indesejado dependendo da aplicação. A qualidade nutricional do farelo de trigo não foi afetada pelo processo de ozonização, o que é bastante desejável tanto para o consumo humano como animal”, complementa autora do trabalho.

“Mesmo tendo resultados efetivos na redução de contaminantes, o monitoramento da cadeia de produção não deve ser negligenciado, sempre adotando boas práticas agrícolas. Assim, a ozonização só deve ser usada para gerenciar a produção de grãos e derivados”, ressalta a Maria Antonia, referindo-se a outras etapas da produção agrícola.

A pesquisa foi desenvolvida sob orientação do professor Pedro Esteves Duarte Augusto, que coordena o Grupo de Pesquisas em Engenharia de Processos (Ge²P), em conjunto com Maria Antonia Calori-Domingues, especialista do Laboratório de Micologia e Micotoxinas, ambos da Esalq. Contou, ainda, com a participação de outros alunos de graduação e pós-graduação, bem como professores. Para a realização, os pesquisadores tiveram apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e doConselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Durante o doutorado, Allana Patrícia Santos Alexandre foi bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Os resultados estão publicados em periódicos internacionais: Journal of Environmental Science and Health Part B – Pesticides Food Contaminants and Agricultural Wastes  e Food Additives and Contaminants Part A-Chemistry Analysis Control Exposure & Risk Assessment.  

Mais informações:

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