Dormir bem é primordial para uma boa saúde, mas diversos fatores e distúrbios podem atrapalhar a qualidade do sono, entre eles o terror noturno, que atinge principalmente as crianças. Caracterizado por um despertar incompleto ou parcial durante a fase de sono profundo, é um quadro bastante angustiante para o paciente e também para quem o acode, quando envolve gritos, choro, taquicardia e respiração ofegante, segundo a pesquisadora Paula Kageyama do Centro de Medicina do Sono do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP.
Paula explica que, diferentemente do sonambulismo, o paciente que sofre de terror noturno permanece no local onde adormeceu. Na maioria dos casos, a pessoa não anda pelo quarto como ocorre no sonambulismo. Normalmente, o paciente se senta na cama e é muito difícil de acordá-lo e consequentemente de acalmá-lo. “Na realidade, não indicamos que o familiar ou companheiro tente despertar o paciente, já que o ato pode acabar prolongando por mais tempo o fenômeno. Logo após o episódio de terror noturno, o indivíduo volta a dormir normalmente e não vai ser capaz de lembrar dos fatos ocorridos.”
Estresse e privação de sono
Doenças, privação de sono, estresse e até mesmo febre são situações que podem estar relacionadas aos episódios de terror noturno e a duração é entre um e dez minutos. Geralmente, o distúrbio se manifesta entre os 4 e 12 anos de idade, mas os adultos também podem apresentar. A condição atinge cerca de 6,05 % das crianças e 2% dos adultos no mundo.
Paula chama a atenção para os perigos do paciente se machucar durante os episódios. “Apesar de o paciente, na maior parte das vezes, não sair do lugar durante os episódios de terror noturno, ele pode apresentar lesões físicas ao se debater e se revirar na cama.” Portanto, alerta a médica, a família do paciente deve ser orientada a acompanhá-lo durante o episódio, sem tentar acordar ou interagir, apenas ficando próximo para evitar que o paciente se machuque, afastando objetos com os quais ele possa se chocar ou se ferir.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico de que a criança ou adulto está sofrendo de terror noturno é feito por um médico especialista em sono, por meio de avaliação das características clínicas e também, quando possível, de um exame de polissonografia (exame que analisa a qualidade e as doenças relacionadas ao sono).
Geralmente, o tratamento para o terror noturno envolve a higiene do sono, ou seja, evitar a privação e situações de estresse. Já em quadros mais graves, que apresentam grandes riscos e prejuízos ao paciente, é necessário o uso de medicamentos. “É importante a família saber que não há necessidade de informar a criança ou adulto sobre os fatos ocorridos, pois pode acabar gerando mais ansiedade. Também é ideal que seja feita a psicoeducação dos familiares, com orientações gerais sobre o distúrbio e seus mecanismos.”
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