Programa da USP orienta gestores públicos na criação e manutenção de espaços verdes urbanos

Criada por pesquisadores da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da USP dentro do programa USP Municípios, cartilha busca ajudar gestores públicos na criação de políticas públicas para a área, especialmente em cidades pequenas

 03/11/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 07/11/2022 às 15:39
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Parque Gabriel Chucre na cidade de Carapicuíba, em São Paulo, tem parceria firmada entre o Estado e uma OSC para inclusão social de crianças por meio do tênis: participação da sociedade melhora gestão de áreas verdes públicas – Foto: Reprodução/SP Gov

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Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2016, o Brasil possui 5.570 cidades. Desse número, cerca de 5.200 possuem menos de 100 mil habitantes, o que as classifica como cidades de pequeno porte.

O que diferencia esses pequenos municípios em relação às médias e grandes cidades, que sofrem com a falta de espaços verdes, é a possibilidade de crescer com planejamento ambiental. Planejamento que inclui espaços verdes urbanos, áreas que são um extenso conjunto de bens espalhados pelas cidades, como praças, florestas urbanas, hortos e parques, e que são responsáveis pela preservação da fauna e flora locais, além de possibilitarem a criação de espaços de lazer e ajudarem na manutenção e melhora do clima local.

Capa da publicação [clique na imagem para baixar o livro] – Foto: Divulgação/FDRP
Pensando em apresentar novas possibilidades de gestão e criação de espaços verdes urbanos para gestores públicos, principalmente os de cidades pequenas, pesquisadores da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP) da USP criaram a cartilha Parcerias sustentáveis e inclusivas para a gestão dos espaços verdes urbanos. A obra está disponível gratuitamente em formato on-line neste link.

Segundo o professor Thiago Marrara, coordenador do projeto que deu origem à cartilha, a maioria das cidades pequenas não possui sustentação financeira, o que impede o desenvolvimento de políticas públicas, inclusive a de criação e gestão desses espaços verdes urbanos. Por isso, a cartilha nasce com o objetivo de, através de uma linguagem acessível e objetiva, apresentar aos gestores públicos todas as possibilidades de parcerias na hora de planejar essas políticas.

Além de apresentar novas possibilidades ao poder público, a cartilha fala sobre o papel que a sociedade civil pode exercer no controle e supervisão das parcerias firmadas. “Todo contrato firmado, principalmente os contratos das chamadas Parcerias Público-Privadas, as PPPs, estão sujeitos a um forte controle social. Esse controle acontece por meio de audiências públicas ou consultas públicas antes do contrato ser firmado e após também”, afirma Marrara. “O que desejamos com essa cartilha é fornecer para os gestores públicos algumas ideias e métodos para garantir que esses espaços verdes possam ser bem gerenciados a favor da população”, diz o pesquisador.

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Clique no player abaixo e confira a entrevista do professor Thiago Marrara para a Rádio USP:
Logo da Rádio USP
Thiago Marrara – Foto: Reprodução/LinkedIn

Pesquisa deu origem à cartilha

Logo na introdução da cartilha, o gestor vai encontrar informações que incentivam o planejamento urbano. Segundo dados apresentados, 54% da população mundial vive em áreas urbanas. Para 2030, a projeção é que cerca de 60% da população mundial viverá em áreas urbanas. Situação que piora na América Latina e Caribe, já que 85% da população desses locais vive em cidades e, para 2030, a projeção é que uma em cada três pessoas estará vivendo em cidades com mais de 500 mil habitantes.

Depois de conscientizar os gestores públicos sobre a importância de planejar suas cidades e, consequentemente, seus espaços verdes urbanos, a cartilha se debruça em explicar o que são de fato esses espaços. Também destaca a importância desses espaços verdes urbanos para as cidades em que estão situados.

Sobre os desafios da gestão desses espaços, os pesquisadores apontam alguns fatores que atrapalham a implantação ou melhoria deles:

  • ausência de mapeamento desses locais,
  • falta de eficiência na elaboração de políticas públicas;
  • falta de capacitação e conhecimento dos gestores acerca do tema para conseguir criar políticas públicas;
  • ausência de recursos;
  • falta de definição de objetivos claros e concretos na hora de planejar políticas para esses espaços;
  • falta de participação civil, que para os espaços verdes urbanos é essencial;
  • de horários que se adequem ao tempo livre da população, pois muitos espaços verdes urbanos funcionam apenas em horário comercial, o que dificulta o acesso para as pessoas.
Publicação traz estratégias para gestão pública de áreas verdes urbanas – Foto: Divulgação/USP Municípios

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Tendo em vista todos esses problemas elencados pelos pesquisadores, a pesquisa que deu origem à cartilha apresenta possibilidades de parcerias para a gestão de espaços verdes urbanos como uma alternativa na hora de planejar políticas e gerir esses espaços. Algumas das possibilidades apresentadas foram:

  • concessão de obra pública, que consiste em conceder uma obra pública para uma pessoa jurídica ou um consórcio de empresas;
  • parcerias sociais com Organizações da Sociedade Civil (OSC), ou seja, parcerias entre o poder público e organizações sem fins lucrativos onde elas se comprometem a trabalhar de forma conjunta;
  • Parcerias Público-Privadas (PPPs), contrato de concessão de obras públicas para a iniciativa privada.

A cartilha também apresenta alguns exemplos de como o poder público pode trabalhar em conjunto de diferentes formas para gerir e criar novos espaços verdes urbanos, além da importância deles para a população.

USP Municípios

A cartilha é fruto de projeto desenvolvido dentro do programa USP Municípios, criado em 2021, com o objetivo de melhorar e criar novas políticas públicas para os cidadãos dos municípios. A iniciativa fomentou vários grupos de estudo para que fossem desenvolvidos projetos relacionados à gestão pública urbana e já está presente em 22 cidades do Estado de São Paulo, como Ribeirão Preto, São Carlos, Lorena e São Paulo, e busca construir com os municípios políticas públicas que resultem em um desenvolvimento urbano sustentável.

Para baixar a cartilha Parcerias sustentáveis e inclusivas para a gestão dos espaços verdes urbanos clique aqui.

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