Professora da USP é a primeira latino-americana em comitê internacional de fisioterapia

Anamaria Siriani de Oliveira representará o Brasil e a América Latina em uma das mais importantes federações de fisioterapia musculoesquelética

 Publicado: 28/11/2024 às 10:10     Atualizado: 06/12/2024 às 15:06
Mulher branca, com cabelos escuros até os ombros, lisos e soltos, vestida com uma blusa azul e segura um microfone.
A nomeação da professora Anamaria Siriani de Oliveira é um reflexo do avanço da fisioterapia brasileira no cenário global – Foto: Arquivo Pessoal

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Leia este conteúdo em InglêsA professora Anamaria Siriani de Oliveira, do Departamento de Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, foi nomeada para integrar o Comitê de Padrões Educacionais da
Federação Internacional de Fisioterapeutas Manuais e Musculoesqueléticos (IFOMPT na sigla em inglês). 

Esta é a primeira vez que uma profissional da América Latina integra essa federação, responsável por delinear os padrões educacionais globais da fisioterapia musculoesquelética. A conquista reforça o reconhecimento internacional do curso de Fisioterapia da FMRP, que já possui a chancela da entidade como referência de excelência na área.

“Recebi a notícia com muita alegria e responsabilidade. Quero usar essa oportunidade para apoiar associações de outros países latino-americanos e ajudá-las a se organizarem para também se tornarem membros da IFOMPT”, destacou Anamaria. A professora enfatizou o desafio transcultural e a importância de representar as realidades locais da fisioterapia em um cenário internacional.

Desafios da fisioterapia brasileira

Fundada há 50 anos, a IFOMPT é uma das mais respeitadas organizações globais na área de fisioterapia musculoesquelética e manipulação manual. Sua atuação é marcada por rigorosos critérios de certificação para cursos e profissionais, que buscam alinhar a prática clínica às melhores evidências científicas disponíveis. Segundo Aline Miranda, presidente da Associação Brasileira de Fisioterapia Traumato-Ortopédica (Abrafito), a nomeação de Anamaria para o comitê educacional é um reflexo do avanço da fisioterapia brasileira no cenário global e coloca o País em posição de destaque.

Para Aline, a presença de Anamaria no comitê representa um avanço para a área. “É relevante não somente para o Brasil, mas para toda a América Latina. Temos a responsabilidade de trazer o olhar da nossa cultura para a educação em fisioterapia musculoesquelética”, ressaltou. Segundo ela, essa conquista reforça a formação de fisioterapeutas brasileiros como altamente qualificados, capazes de atuar em qualquer lugar do mundo.

O curso de Fisioterapia da FMRP tem certificação da IFOMPT, obtida após uma rigorosa análise curricular e documental, garantindo que a formação da instituição atenda aos padrões globais. A especialização em Fisioterapia Traumato-Ortopédica do Hospital das Clínicas da FMRP, segundo Anamaria, é, atualmente, a única do Brasil a cumprir os requisitos da federação.

Padrões internacionais

Embora a certificação seja um marco, sua implementação completa enfrenta desafios no Brasil. A IFOMPT exige um mínimo de 500 horas para cursos de pós-graduação, incluindo 150 horas de estágio supervisionado, enquanto os cursos brasileiros geralmente seguem a carga horária mínima de 360 horas estipulada pelo Ministério da Educação (MEC). “A maioria dos cursos de especialização no Brasil ainda não contempla essa carga prática, o que restringe a adesão aos padrões internacionais”, afirmou Aline.

Para Anamaria, a padronização curricular deve respeitar as especificidades locais. Ela destacou ainda a importância de equilibrar padrões globais com práticas locais, comparando o currículo internacional ao “caroço de uma jabuticaba” que deve ser envolto pelas tradições e cultura brasileiras. “Precisamos alinhar o currículo a um padrão internacional, mas sem perder a nossa identidade cultural. No Brasil, o atendimento presencial e o toque terapêutico são valorizados, o que reflete nossa relação com o cuidado humano e universal”, destacou a professora. 

Anamaria também apontou o impacto da inteligência artificial (IA) na fisioterapia, destacando a necessidade de formar profissionais que conciliem habilidades técnicas e socioemocionais. “Estamos em uma era de inteligência artificial mais acessível. Isso exige que nossos profissionais demonstrem o valor do atendimento presencial e da relação interpessoal com os pacientes.” 

A nomeação de Anamaria também traz oportunidades significativas para a fisioterapia brasileira. A Abrafito está planejando, em parceria com a IFOMPT, uma oficina de capacitação durante seu congresso em agosto de 2025, na cidade de Florianópolis. A atividade será voltada para professores e supervisores de ensino, com a participação de fisioterapeutas de outros países latino-americanos, como Argentina, Chile e Colômbia. “Essa será uma oportunidade única para capacitação e troca de experiências entre profissionais de diferentes realidades”, afirmou Aline.

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Por: Eduardo Nazaré – Assessoria de Imprensa da FMRP sob supervisão de Rose Talamone


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