Professora da USP defende obrigatoriedade da inclusão de mulheres em cargos de liderança

Entre formas mais rápidas de combate ao machismo estrutural estão políticas para cargos de liderança às mulheres e igualdade nas licenças maternidade e paternidade

 15/03/2021 - Publicado há 3 anos     Atualizado: 17/03/2021 as 14:31
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O Dia Internacional da Mulher, comemorado dia 8 de março, relembra a luta feminina e os direitos conquistados até o momento, mas não alivia o peso dos embates por uma sociedade mais justa e igualitária entre os gêneros. Apesar de apresentar face hedionda, como a do feminicídio, a questão foi analisada pela advogada e professora Luciana Romano Morilas, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP, quanto à “saia justa” da diferença salarial. Situação que, segundo a professora, poderia ser abreviada com políticas que incluam mulheres em cargos de liderança.

Luciana foi provocada por um recém-publicado levantamento comparativo de salários entre profissionais (homens e mulheres) de Ribeirão Preto-SP. Com base na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério da Economia, o estudo mostra que a média salarial feminina na cidade é 25% menor que a paga aos homens e, em algumas profissões, eles recebem o dobro das mulheres para a mesma função.

Especialista em direito do trabalho, a professora afirma que essa distorção salarial se deve ao “machismo estrutural” da nossa sociedade. Machismo este que pode ser combatido com educação, mas que é uma via muito demorada. Então, a professora acredita que “uma maneira um pouco mais rápida seria criar uma obrigatoriedade de incluir mulheres em cargos de liderança”.

Mulheres na liderança

Segundo Luciana, o que se observa na sociedade é que as mulheres muitas vezes ocupam cargos que apresentam menor valorização. Exemplifica com o caso de cargos públicos, em que não ocorre distinção salarial, mas com maioria de homens em cargos de liderança.

Como não existem políticas de inclusão da mulher em cargos de liderança no Brasil, Luciana acredita que esta possa ser uma maneira mais rápida de minimizar o problema, impondo diretamente às empresas a contratação de mulheres para esses cargos. Segundo a professora, esse tipo de experiência tem dado resultados positivos em outros países.

 Licença-paternidade contra machismo estrutural

Outra ideia defendida por Luciana para melhorar a situação do machismo estrutural no Brasil é a mudança legislativa quanto à licença-paternidade. Segundo a professora, os pais deveriam usufruir da mesma quantidade de tempo da licença-maternidade das mulheres. Com 120 dias, igualmente concedidos tanto ao pai quanto à mãe (hoje o pai tem apenas 5 dias de licença), diminuiria “a discriminação da mulher no mercado de trabalho”, ao mesmo tempo que daria ao pai oportunidade de cuidar de seu filho e ajudar nas tarefas domésticas.

Para a professora Luciana, as pessoas precisam entender que existem “frutos muito positivos quando homens e mulheres acabam alcançando uma igualdade” e conquistam uma sociedade mais tranquila.


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