Mulheres ainda enfrentam desigualdades no mercado de trabalho

Em pleno século 21, classe feminina ainda luta contra diferenças salariais e dupla jornada de trabalho

 06/03/2020 - Publicado há 4 anos
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O Dia Internacional da Mulher, comemorado domingo, 8 de março, começou com um objetivo: lutar por igualdade de salário e de direitos civis. Cinquenta anos já se passaram desde a sua oficialização pela Organização das Nações Unidas (ONU) e “muita coisa ainda precisa mudar”, segundo Vera Lúcia Navarro, socióloga do trabalho e professora do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP. Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), de 2019, indicam que as mulheres enfrentam desigualdade salarial de 15% em relação aos homens que desempenham a mesma função. Para aquelas que possuem ensino superior completo a discrepância pode chegar a 35%.

Desigualdade de gênero – Arte: Vinicius Vieira sobre imagem Unsplash

A professora Vera conta que essas diferenças encontradas no mercado de trabalho muitas vezes começam dentro de casa. “A responsabilidade pela criação dos filhos, o cuidado com a casa e com a saúde da família ainda continuam sendo da mulher. O homem ainda se apresenta como aquele que ajuda e não como o que divide tudo”, afirma. 

Fato que se comprovou no relatório Outras Formas de Trabalho da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Penad) do IBGE, em 2018. Segundo o levantamento, as mulheres gastaram em média mais de 21 horas, por semana, com afazeres domésticos e cuidado de pessoas, quase o dobro do que os homens gastaram com as mesmas tarefas.

Para Vera, os dados revelam um lento progresso que percorreu toda a história da luta de movimentos feministas e de trabalhadores, porém ainda há pouco a ser comemorado. “Essa é uma data que remete à luta das mulheres por mais direitos, condições de vida e de trabalho e nessa conjuntura em que estamos vivendo, de tantos retrocessos e tantos atrasos, o que temos a comemorar? Penso que esse é muito mais um dia de luta e de protestos do que de comemorações”. 

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