Consciência ecológica e social das novas gerações também se deve às redes sociais

Sérgio Kodato acredita que a atual geração de jovens tende a ser mais preocupada com as questões relacionadas ao meio ambiente, combate à pobreza e à fome, entre outras pautas sociais, ambientais e humanas

 02/02/2023 - Publicado há 1 ano
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A participação dos jovens na política não é uma questão que diz respeito somente aos jovens, mas a toda a sociedade – Foto: Katie Rodriguez/Unsplash

 

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O acesso à grande quantidade de informações explica, em parte, a mobilização cada vez maior dos jovens na defesa de causas ambientais e sociais. Nos últimos anos tem se verificado muito o ativismo juvenil em diversos fóruns de discussão de políticas públicas e em vários lugares do mundo. O professor de Psicologia Social da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, Sérgio Kodato, acredita que a atual geração de jovens tende a ser mais preocupada com as questões relacionadas ao meio ambiente, combate à pobreza e à fome, entre outras pautas sociais, ambientais e humanas.

De acordo com o professor, essa geração “viu o mundo adulto e os políticos praticarem toda hipocrisia e falta de ações com relação às medidas relevantes que poderiam adotar contra a destruição do meio ambiente e percebeu, na verdade, que aqueles só querem ganhar dinheiro às custas da destruição do meio ambiente”.

Michele Oliveira, de 26 anos – Foto: Arquivo Pessoal

Estudante de Ciências Ambientais e ativista aos 26 anos, Michele Oliveira diz que participar de movimentos que lutam pelo meio ambiente e por direitos sociais lhe dá a oportunidade de “pôr para fora uma angústia que estava em mim, poder compartilhar com outras pessoas é um grande presente, falando da minha experiência como ativista”.

A tendência ao aumento de ativistas mais jovens reforça o que disse a socióloga Helena Wendel Abramo em um documento sobre conceitos fundamentais que são o ponto de partida para a discussão de políticas públicas. Segundo a socióloga, a participação dos jovens na política não é uma questão que diz respeito somente aos jovens, mas a toda a sociedade, “já que todos temos a nossa cota de responsabilidade na condução da vida coletiva”.

Sérgio Kodato – Foto: FFCLRP/USP

Para Kodato, a construção da consciência ecológica e social nos jovens foi muito intensificada pelas redes sociais a partir, principalmente, do surgimento de figuras como a de Greta Thunberg, ativista sueca que aos 15 anos ganhou fama internacional depois de começar a faltar às aulas para protestar pelo meio ambiente.

O incentivo para que os jovens falem sobre as mudanças climáticas pode não ser suficiente para transformá-los em ativistas. Kodato afirma que “é preciso dar mais poder a eles, as experiências nas escolas democráticas com assembleias de sala de aula mostram que a forma de você dar voz e incentivar a participação dos jovens é criar não só canais de expressão e participação, mas principalmente canais de decisão. Os jovens precisam participar das decisões, visto que é isso que leva à plena cidadania, no final das contas”.

“Ser ativista jovem é levar muito tapa, mas também é achar acolhimento e saber que nada é em vão, porque é a luta pela nossa vida, pelas pessoas que não podem estar com a gente e por um presente e futuro possíveis”, revela Michele.


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