Comunidade USP em Ribeirão Preto debate e sugere ações para um campus mais inclusivo

Evento consolidou um espaço democrático para formulação de propostas para o bem-estar e inclusão da comunidade uspiana local

 Publicado: 29/11/2024 às 17:47     Atualizado: 02/12/2024 às 10:55
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Imagem mostra grupo de pessoas de cerca de 100 pessoas, parte em pé e outra parte agachado na frente num hall
Grupo participante da Conferência de Saúde Mental no campus de Ribeirão Preto – Foto: Giovanna Delbem

Com um modelo participativo e inclusivo, a segunda Conferência de Saúde Mental e Bem-Estar da USP Ribeirão Preto trouxe à tona debates essenciais para a promoção do bem-estar e da inclusão na comunidade universitária. Realizado pela Comissão Assessora de Inclusão e Pertencimento (CAIP), o evento consolidou um espaço democrático para formulação de propostas que serão encaminhadas às instâncias competentes da USP. 

A conferência, sucedendo à primeira edição realizada em 2022, foi fundamentada no Regimento das Conferências de Saúde Mental e Bem-Estar, aprovado em março de 2024. Este documento orienta desde a organização até a avaliação dos encontros e reforça o compromisso da USP com a inclusão e o pertencimento, fortalecidos pela criação da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP) em 2022.

O planejamento começou com uma pré-conferência, em maio de 2024, que identificou recursos e boas práticas em inclusão e saúde mental no campus. Em 26 de setembro, 113 pessoas participaram das atividades da manhã e 182 das da tarde, organizadas em cinco Grupos de Trabalho (GTs): Raça/Etnia, Gênero e População LGBTQIAPN+, Pessoas com Deficiência (PCDs), Saúde Mental, e Promoção de Saúde e Qualidade de Vida. “A conferência reafirma o compromisso da USP Ribeirão Preto em construir um ambiente acadêmico mais inclusivo e sustentável, com impacto positivo na saúde mental e no pertencimento da comunidade”, relata o professor Átila Trapé, um dos coordenadores. Também participaram da coordenação os professores Kelly Graziani Giacchero Vedana, Camilo Zufelato, Roseli Basso-Silva, Joana Andrade e as funcionárias Flávia Nítolo Correa dos Santos e Sandra Melo. O relatório completo pode ser acessado, neste link. 

Propostas Prioritárias dos Grupos de Trabalho

1. Raça e Etnia

As propostas priorizam a ampliação do acesso e a valorização da diversidade racial, com ações que incluem:

  • Expandir o acesso de pessoas pretas, pardas e indígenas aos programas de pós-graduação da USP.
  • Oferecer formações contínuas sobre relações étnico-raciais para toda a comunidade universitária, incluindo funcionários terceirizados.
  • Inserir disciplinas específicas sobre educação étnico-racial nos currículos dos cursos de graduação.
  • Criar núcleos de pesquisa e extensão focados na temática racial, promovendo discussões e soluções práticas.
  • Implementar cotas raciais em concursos para docentes, incentivando a representatividade nos quadros da universidade.

2. Gênero e População LGBTQIAPN+

Este grupo propôs ações voltadas à equidade e inclusão de gênero e da população LGBTQIAPN+, tais como:

  • Adotar critérios de paridade de gênero em bancas avaliadoras, editais e distribuição de bolsas.
  • Permitir o acúmulo de bolsas para pessoas transgênero e revisar critérios socioeconômicos no Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil (PAPFE).
  • Reservar vagas exclusivas para pessoas transgênero nos processos seletivos da USP.
  • Criar um polo cultural no campus voltado a grupos minoritários, oferecendo espaço de visibilidade e acolhimento.
  • Expandir o número de vagas na creche universitária e criar espaços destinados à amamentação.

3. Pessoas com Deficiência (PCDs)

As propostas deste grupo priorizam a inclusão e a acessibilidade no campus, com ações como:

  • Oferecer formações regulares sobre inclusão e acessibilidade para docentes e técnicos administrativos.
  • Realizar campanhas de conscientização voltadas à acessibilidade e aos direitos das pessoas com deficiência.
  • Adequar a infraestrutura do campus, com a instalação de rampas de acesso e pisos táteis.
  • Desenvolver planos educacionais individualizados para atender as necessidades específicas de estudantes com deficiência.
  • Criar um núcleo de apoio multidisciplinar, responsável por acolher e oferecer suporte a estudantes e servidores com deficiência.

4. Saúde Mental

O grupo de Saúde Mental enfatizou a importância de fortalecer ações existentes e propor novas estratégias, como:

  • Estabelecer um centro integrado de convivência, promovendo um ambiente de interação e acolhimento.
  • Formar um grupo multiprofissional para planejar e gerir projetos de saúde mental no campus.
  • Inserir períodos livres na grade horária, incentivando atividades voltadas ao bem-estar.
  • Oferecer bolsas para pós-graduandos que atuem no atendimento psicológico de estudantes.
  • Revisar e fortalecer as iniciativas já existentes relacionadas à saúde mental na universidade.

5. Promoção de Saúde e Qualidade de Vida

Com foco na melhoria da qualidade de vida, as propostas incluem:

  • Garantir duas horas semanais na carga horária de estudantes e servidores para a prática de atividades voltadas ao bem-estar.
  • Criar espaços de convivência e promover eventos culturais e esportivos nos finais de semana.
  • Assegurar refeições gratuitas ou subsidiadas para estudantes durante os finais de semana.
  • Melhorar os canais de comunicação sobre atividades de bem-estar, como o uso de aplicativos e portais específicos.
  • Desenvolver ações que minimizem o isolamento social, fortalecendo os vínculos dentro da comunidade universitária.

 


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