Projeto é uma parceria do Comitê Paralímpico Brasileiro, Secretaria Municipal de Esportes e Escola de Educação Física e Esporte da USP em Ribeirão Preto - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Centro de Referência Paralímpico promove inclusão de pessoas com deficiência em Ribeirão Preto

O projeto, em parceria com a USP, oferece estrutura de qualidade para crianças e adolescentes com deficiência na iniciação esportiva e na formação de atletas de alto rendimento

 01/09/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 02/09/2022 as 16:49

Autor: Eduardo Nazare

Arte: Guilherme Castro

“O esporte é muito bom para a vida da pessoa com deficiência; quando eu não treinava, eu era muito agressivo, não me controlava”, conta o atleta Leonardo Lima de Aro, de 19 anos, que tem paralisia cerebral e deficiência intelectual. Aro pratica atletismo no Centro de Referência Paralímpico de Ribeirão Preto, parte sediada no campus da USP em Ribeirão Preto, e diz que quando criança teve problemas para aprender a falar e andar, mas no esporte encontrou ajuda para seu desenvolvimento motor e psicológico.

O esporte paralímpico brasileiro se consolidou nas últimas edições das Paralimpíadas entre as dez maiores potências mundiais. Apesar disso, o País carece de centros para capacitar novos atletas e profissionais. No ano passado, uma parceria do Comitê Paralímpico Brasileiro com a Secretaria Municipal de Esportes e a Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP) da USP criou um Centro de Referência Paralímpico na cidade.

Com o objetivo de fomentar o esporte paralímpico na região, o centro de Ribeirão Preto atende hoje 40 atletas nas modalidades de natação e atletismo, promovendo iniciação esportiva de crianças e adolescentes com deficiência e a capacitação de treinadores especializados. Para o futuro, asseguram os responsáveis pelo projeto, a ideia é aumentar o número de modalidades esportivas e oferecer uma estrutura de qualidade para a formação física e psicológica de atletas de alto rendimento, visando a mais medalhas nos jogos paralímpicos.

Além da formação de atletas para competição, os coordenadores do centro lembram dos benefícios físicos que a prática esportiva pode trazer – sensação de pertencimento e benefícios psicológicos, como diminuição do estresse e controle da ansiedade. E o professor da EEFERP, Márcio Morato, lembra também do “papel da inclusão”. O grupo, avalia o professor, é considerado minoria e historicamente é excluído, mas, com a possibilidade dos esportes, pode “desenvolver potencialidades que nem imagina que tinha”.

Novas modalidades dependem de mais profissionais

São 20 atletas de natação treinando no campus da USP e 20 atletas de atletismo, na Cava do Bosque de Ribeirão Preto. Porém, novas modalidades podem ser anexadas, como adianta o coordenador do projeto na Secretaria Municipal de Esportes, Erik Ávila. “Vislumbramos uma nova modalidade, o rollerski ou ‘para ski cross country’. A Confederação Brasileira de Desporto na Neve já nos procurou”, afirma Ávila, informando que existe uma base formalizada na cidade de São Carlos, com a possibilidade de ampliação para Ribeirão Preto, com a chancela do Centro de Referência da cidade.

Segundo o professor Morato, há também a possibilidade de inserir a bocha entre as modalidades oferecidas em Ribeirão Preto. Contudo, a oferta de novas modalidades depende de mão de obra. “A intenção é que nós tenhamos essas modalidades ampliadas e com um número maior de participantes, à medida que tenhamos mais professores e mais apoio de estagiários”, afirma Ávila.

Por isso, entre os objetivos específicos do projeto, os centros paralímpicos investem na formação de profissionais de educação física, fisioterapia, nutrição, psicologia e medicina do esporte. A parceria com universidades, como a da EEFERP, promove um aumento nos projetos de pesquisa com a temática do esporte paralímpico para estudantes de iniciação científica, mestrado e doutorado, utilizando os dados obtidos nos Centros de Referência.

Enquanto novos profissionais são formados, o centro de Ribeirão Preto vem investindo em seus atuais profissionais. No mês de julho, o treinador de atletismo Matheus Benini esteve em curso de capacitação na sede do Comitê Paralímpico Brasileiro na cidade de São Paulo. De lá, trouxeram uma cadeira de rodas de corrida para o atletismo e outra para petra race running, modalidade para pessoas com paralisia cerebral. Segundo Ávila, o Centro de Referência de Ribeirão Preto começa a ganhar forma e visibilidade nacional perante as outras 32 unidades espalhadas pelo Brasil.

Ouça no player abaixo entrevista com o atleta Leonardo de Lima Aro, com o secretário de Esportes de Ribeirão Preto, Érik Avila, e com o professor Márcio Morato.

Logo da Rádio USP


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.