Home Office traz facilidades, mas precisa ser melhor planejado pelas empresas, dizem especialistas

Luciana Morilas e Maria Herminia Fonseca explicam por que, apesar dos dados comprovarem a eficácia do trabalho a distância, empresas começam a questionar o modelo e voltar ao presencial

 02/12/2022 - Publicado há 1 ano     Atualizado: 13/12/2022 as 16:58
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Cerca de 70% dos trabalhadores preferem o home office –  Foto: Tumisu – Pixabay

 

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A pandemia exigiu muita resiliência das pessoas e no trabalho não foi diferente. Para se adaptar à nova realidade imposta pelo isolamento social, muitas empresas precisaram se reinventar e adotaram o regime de trabalho a distância. Segundo dados da Korn Ferry, consultoria global de carreira, 85% das empresas brasileiras adotaram o home office durante a pandemia, ou seja, entre os anos de 2020 e 2021.  Entretanto, o modelo, que era visto como o futuro do trabalho, vem recebendo inúmeras críticas nos últimos meses, com algumas empresas voltando para o regime presencial. É o caso do Twitter, rede social agora comandada pelo empresário multibilionário e dono da Tesla e Spacex, Elon Musk.

Luciana Morilas, Professora Associada na FEA-RP – Foto : Arquivo Pessoal

No próprio Twitter, Musk ironizou a situação em resposta a um seguidor: “Eles podem fingir que trabalham em outro lugar”, afirma o bilionário. Para Luciana Morilas, professora da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade  de Ribeirão Preto (FDRP) da USP, a vontade de muitas empresas voltarem para o presencial não está relacionada ao desempenho dos funcionários. “O principal motivo para as empresas não gostarem do home office é a dificuldade de controlar o trabalhador”, afirma a professora. 

Segundo pesquisa realizada em 2020 pela Fundação Instituto de Administração (FIA), cerca 90% das empresas alcançaram ou superaram suas metas de resultados durante o home office, entretanto, 70% das empresas entrevistadas pretendiam voltar ao regime presencial após o fim do isolamento social. Dado oposto ao coletado pelo mesmo estudo em pesquisa feita com os funcionários dessas empresas, onde mais de 70% dos entrevistados afirmaram que gostariam de permanecer no regime home office, seja ele integral ou parcial.

Home Office ajuda na produtividade

Maria Hemília Fonseca, Professora Associada da FDRP – Foto : Arquivo Pessoal

Visando a entender melhor como os processos para adotar o trabalho a distância se dão, a professora da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da USP, Maria Hemília Fonseca, explica as diferenças entre teletrabalho e home office. “Na verdade, há um consenso sobre o home office ser um tipo de teletrabalho. É o teletrabalho feito exclusivamente de casa, por isso o nome.” 

Buscando descobrir as diferenças de produtividade entre os regimes presencial e home office, a ConnectSolutions, empresa focada em softwares de segurança empresarial, realizou uma pesquisa para entender como o desempenho dos funcionários é impactado pelo trabalho a distância. Segundo o estudo, mais de 70% dos funcionários entrevistados relataram que rendem mais quando trabalham de casa ou outro local fora das dependências da empresa. 

Além da produtividade, que aumenta quando os funcionários trabalham em formato home office, conseguindo fazer mais tarefas em menos tempo, outros fatores foram evidenciados pela pesquisa, como a taxa de entrega de atestados médicos. “Graças a distância e a chance de trabalhar de casa, ficar doente não é mais um impeditivo para realizar o trabalho”, analisa Maria Emília.

Escolha do regime de trabalho 

Segundo Luciana, apesar das facilidades que o home office traz, ainda existem muitos problemas que podem ser solucionados para um melhor funcionamento da empresa. “Muitos trabalhadores relataram o abuso sobre a carga horária e volume de trabalho devido ao fato de estarem trabalhando de casa, o que pode deixar os horários e a divisão entre trabalho e vida pessoal um pouco misturados.” 

Ela completa dizendo que, apesar das facilidades do modelo, o planejamento é importante. “É necessário que a empresa mantenha um bom suporte ao trabalhador para fornecer as condições de trabalho adequadas e também para garantir que, de fato, ele esteja trabalhando pelo período de tempo contratado.”


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