Além da depressão, os efeitos da pandemia podem levar ao suicídio

Saúde mental pode sofrer com a pandemia, mas depressão não deve ser único alvo das atenções para o suicídio, que pode ter outros gatilhos, além dos jovens que são principal grupo de risco

 29/09/2020 - Publicado há 4 anos
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Assunto tratado como tabu no Brasil, o suicídio ganhou visibilidade quando o mês de setembro passou a ser dedicado a chamar a atenção da sociedade para a gravidade do fato. Recebeu a cor do alerta e hoje, o Setembro Amarelo lembra que cerca de 32 pessoas cometem suicídio por dia no País, totalizando perto de 12 mil casos por ano. Os números são do Ministério da Saúde e assustam pelo crescimento acelerado. De 2011 a 2016 houve um aumento de 20% de casos de suicídio.

Outro dado que se destaca, também do Ministério da Saúde, é o da faixa etária, que se transformou no principal grupo de risco para o suicídio. A maioria dos casos é composta de jovens entre 19 e 24 anos. Como são jovens que estão entrando na faculdade, o tema acabou se sentando ao lado deles na sala de aula das universidades.

Na Universidade de São Paulo não foi diferente e hoje abriga vários grupos de apoio a seus estudantes nos diferentes campi da USP em todo o Estado de São Paulo. “É preciso tratar o assunto com responsabilidade porque os casos de tentativa de suicídio chegam a ocorrer dez vezes mais que o próprio suicídio consumado,” alerta a psicóloga Dagma Venturini Marques Abramides, do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP.

A professora é uma das que acreditam que a pandemia da covid-19, que impôs o isolamento físico e social às pessoas, tem aumentado os casos de ideação de suicídio para quem sofre de algum transtorno mental, incluindo a depressão, doença que acomete 12 milhões de brasileiros, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas é preciso cuidado para não jogar toda a responsabilidade do suicídio na conta da depressão. Segundo a psicóloga Luciana Handa, existem outros gatilhos. “Problemas de relacionamento familiar, desemprego, crise financeira, por exemplo, podem ser as causas do suicídio que não passa necessariamente pela depressão,” afirma.

Com o agravamento do problema, novos grupos de apoio surgiram na Universidade ou foram incrementados fora dela para tentar chegar aos jovens. Foi o caso do Grupo de Valorização da Vida (GVV) de Ribeirão Preto, por exemplo, que conta com a participação de docentes da USP como voluntários. “É um grupo de apoio que se reúne uma vez por semana para prestar atendimento de apoio e acolhimento a quem nutre a ideia do suicídio e aos familiares, independentemente de ter vínculo com a USP,” explica Luciano Nakabashi, integrante do GVV e professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP.

As entrevistas completas com Dagma Venturini Marques Abramides, Luciana Handa e Luciano Nakabashi  podem ser acessadas no player acima.

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