Neste mês de dezembro o Centro de Preservação Cultural (CPC) da USP comemora 20 anos da abertura ao público da sua sede, a Casa de Dona Yayá, com roda de samba no dia 8 de dezembro, às 11h. Mas a confraternização começa antes: o horário de abertura vai das 10h às 13h. O samba, que vai ficar por conta dos alunos do Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, não poderia faltar, pois a casa fica no Bixiga, região rica em tradições e referências culturais ligadas ao samba paulista.
A Casa de Dona Yayá é tombada por seu valor enquanto lugar de memória pelos órgãos de preservação estadual e municipal de São Paulo. Inserido no cotidiano da cidade e marcando a presença da USP além do campus, o CPC é responsável pela preservação e pela curadoria da Casa de Dona Yayá, onde oferece um leque variado de atividades de cultura e extensão para os mais diversos públicos — entre as quais a programação do Domingo na Yayá e as ações de educação patrimonial.
A comemoração se estende ao aniversário do próprio CPC-USP, órgão da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária que foi criado em 2002. O CPC-USP substituiu a antiga Comissão do Patrimônio Cultural, fundada em 1987 com a missão do CPC de promover ações e reflexões em torno do patrimônio cultural da Universidade. Para a diretora do CPC-USP, professora Flávia Brito do Nascimento, o CPC-USP vem se consolidando na promoção do debate e da pesquisa no campo do patrimônio cultural, no reconhecimento e na divulgação do patrimônio e das referências culturais da USP, e a comemorar essa data é uma forma de reconhecimento de um trabalho construído ao longo de 20 anos.
Lugar de memória
A Casa de Dona Yayá guarda a memória da cidade de São Paulo na virada do século 19 a 20, das transformações urbanas, da vida das mulheres e do tratamento da doença mental no Brasil a partir da história de vida de sua última moradora. Nascida em Mogi das Cruzes (SP) em 1887, Sebastiana de Mello Freire, a Yayá, pertencia a uma família da elite paulista. Sua trajetória, porém, foi marcada por acontecimentos traumáticos. Os pais faleceram quando ela era ainda garota, tendo ficado sob os cuidados de um tutor, em companhia da madrinha e outros agregados. Seu único irmão vivo cometeu suicídio anos depois.
Em 1919, tendo por volta de 30 anos, Yayá começou a apresentar sinais de desequilíbrio emocional, chegando a ser internada em uma instituição psiquiátrica. Sua excelente condição financeira permitiu que fosse transferida sob orientação médica para tratamento domiciliar, vindo a morar na casa da Major Diogo, onde desfrutaria de melhores acomodações. Foi neste lugar que passou a maior parte de sua vida, isolada nos espaços especialmente adaptados ao padrão hospitalar. Yayá faleceu em 1961 e, sem herdeiros, todos os seus bens foram transferidos à Universidade de São Paulo, conforme dispunha a legislação estadual.
Casa aberta
Durante muito tempo a casa permaneceu fechada, chegando a um estado crítico de conservação que rendeu a fama de mal-assombrada. Na década de 1990 foram realizadas intervenções para a recuperação de pisos, forros, cobertura e telhado, descupinização e proteção física dos elementos decorativos internos. Em 1998 a casa passou a ser responsabilidade da antiga Comissão do Patrimônio Cultural. Uma segunda grande intervenção ocorreu nos anos 2000, com o restauro das pinturas internas. Enquanto isso, moradores e movimentos coletivos do Bixiga, como o União de Mulheres de São Paulo, reivindicavam o uso público da Casa de Dona Yayá.
Até que em 2003 foi aprovada a proposta do CPC para o uso qualificado da casa com base no seu reconhecimento como lugar de memória, articulando múltiplos significados materiais e imateriais com o campo do patrimônio cultural. A programação, que se mantém regular e atuante nesses 20 anos, inclui cursos, oficinas, eventos acadêmicos, exposições e manifestações artísticas, abrindo espaço para divulgação da produção da própria USP e para parcerias externas. Todas as atividades são gratuitas e abertas para o público em geral. A visitação à Casa de Dona Yayá pode ser feita de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, com horário estendido às quartas-feiras até as 20h. E aos domingos, das 10h às 13h. A equipe do Educativo do CPC-USP realiza visitas mediadas para grupos e escolas com agendamento prévio via formulário disponível no site.
Serviço
Domingo na Yayá
CPC-USP 20 ANOS: Pagode de Yayá
Onde | CPC-USP/Casa de Dona Yayá – Rua Major Diogo, 353, Bela Vista – SP
Quando | Dia 8 de dezembro de 2024, às 11h. Abertura da Casa de Dona Yayá: das 10h às 13h.
Quanto | Gratuito