Voto impresso volta a ser proposto no Congresso

O professor Flávio Luiz Yarshell relembra a eficiência histórica das urnas eletrônicas e garante que são mais eficientes no combate à fraude

 28/04/2021 - Publicado há 3 anos
“A experiência tem mostrado que o sistema mais aperfeiçoado para evitar fraude é o do voto eletrônico” – Foto: Senado Federal via Wikimedia Commons/CC BY 2.0
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Desde a implementação do voto eletrônico no sistema eleitoral brasileiro, nenhum caso de fraude foi notificado. Apesar disso, os meios políticos acompanharam o ressurgimento de propostas para que o voto impresso seja novamente utilizado nas eleições brasileiras. A mais recente está no Congresso Nacional e indica que, além do voto eletrônico, também haja a impressão de cédulas em papel na votação e na apuração. A mudança seria colocada para fins de auditoria sobre os votos.

Historicamente, a questão do voto impresso já foi discutida no Judiciário e até no Executivo. Em 2015, por exemplo, o Supremo Tribunal Federal “reconheceu que a impressão do voto após o depósito na urna eletrônica seria inconstitucional, principalmente porque violaria o caráter sigiloso e secreto do voto, que é indispensável no convívio democrático para evitar qualquer tipo de controle e constrangimento que se faça sobre o eleitor”, afirma o professor Flávio Luiz Yarshell, da Faculdade de Direito da USP, em entrevista o programa Jornal da USP no Ar 1ª Edição.

O principal argumento da nova proposta em tramitação no Congresso é o de que a impressão do rastro de papel, isto é, a materialização do voto eletrônico, possibilita que votações eletrônicas possam ser auditadas de forma independente. 

não há elementos de fraude no voto eletrônico

O professor Yarshell lembra que é possível auditar votos só pela via eletrônica e aponta ressalvas à ideia de coibir fraudes: “Em tese, não há sistema perfeito que pudesse impedir qualquer tipo de fraude. O sistema de voto impresso não é, por si só, garantidor de que não haveria fraude. A impressão pela via eletrônica tem que ser acompanhada. Não há elementos concretos caracterizadores de fraude. Ninguém pode dizer que nunca haverá, mas também ninguém pode trabalhar com a hipótese de uma patologia que sequer foi caracterizada”.

Por fim, o professor menciona que, no Brasil, a questão ganha algumas especificidades: “A nossa realidade, infelizmente, de uma democracia jovem, mostra que há inúmeras tentativas de fraude. O que nós devemos buscar é o sistema mais aperfeiçoado para evitar fraude, e a experiência tem mostrado que o sistema mais aperfeiçoado para evitar fraude é o do voto eletrônico”.


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