O Programa Nacional de Saúde Bucal, também conhecido como Brasil Sorridente, é um braço do Sistema Único de Saúde (SUS) e
referência mundial no atendimento odontológico. Os resultados e as práticas de sucesso dessa iniciativa federal são relatados no livro SUS e Saúde Bucal no Brasil: por um futuro com motivos para sorrir, lançado pela Faculdade de Odontologia (FO) da USP, que pode ser baixado gratuitamente. A proposta é que os leitores se inspirem e reproduzam as boas práticas relatadas, realizando as necessárias adaptações. O livro traz uma introdução ao SUS e ao Programa Nacional de Saúde Bucal e quatro capítulos no formato e-book, com os temas: “Experiências Multiprofissionais”, “Inovação do Cuidado e Clínica Ampliada”, “Gestão e Planejamento” e “Relação Ensino-Serviço”. O Jornal da USP no Ar conversou com a professora Fernanda Campos de Almeida Carrer, do Departamento de Odontologia Social da FO, para entender melhor o surgimento do projeto.
A professora Fernanda lembra que o SUS nasce em 1988, com a prerrogativa do cuidado integral. “Não tem como garantir cuidado integral sem saúde bucal. Uma pessoa com dor de dente nunca vai ter saúde”, expõe a professora. Logo, “naquele momento já se imaginava que a saúde bucal estaria no SUS”. No entanto, o Brasil Sorridente é elaborado 16 anos após a criação do SUS, em 2004. A partir disso, houve um aumento considerável da cobertura odontológica.
O cuidado com a saúde bucal é muito caro e a maioria da população depende do SUS, relata a professora Fernanda. A cobertura ainda não é total, também não há todos os tratamento e desde 2016 o programa Brasil Sorridente vem sofrendo um esvaziamento por parte do governo federal. Apesar disso, quando comparado com outros países, ” o Brasil tem a maior politica pública de saúde bucal do mundo”, enfatiza Fernanda.
O Sistema Único de Saúde é o grande empregador de dentistas no Brasil, aproximadamente 1/3 dos profissionais trabalham para o SUS. Foi olhando para esses profissionais que nasceu o projeto SUS e Saúde Bucal no Brasil: por um futuro com motivos para sorrir, a partir dos esforços da USP, da Universidade de Brasília (UnB) e do Observatório Ibero-Americano de Políticas Públicas em Saúde Bucal.
“Foi aberta uma chamada pública para que as trabalhadoras e trabalhadores do SUS, da área da saúde bucal, pudessem enviar para o Observatório, USP e UnB relatos de experiências nas categorias de ensino, serviço, gestão e cuidado”, relata a professora Fernanda. Ao todo foram recebidos 100 relatos; desses, 74 foram selecionados e organizados em quatro ebooks.