Tratamento de câncer pode ocasionar diferentes tipos de queda de cabelo

Dependendo das medicações utilizadas, sobrancelhas, cílios e pelos do corpo também podem cair, mas sempre existem alternativas para lidar com a perda de cabelo durante o tratamento da doença

 29/09/2022 - Publicado há 1 ano
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A prevenção para a queda é diferenciada, uma vez que há vários tipos de tratamentos do câncer – Foto: Freepik

Ao descobrir um câncer, um dos pensamentos que passa pela cabeça do paciente, além de sua recuperação e tratamento é: será que meu cabelo vai cair, será que eu vou ficar careca? A resposta para esse questionamento é não, nem todo tratamento causará a perda dos cabelos. Mas essa não é a preocupação dos médicos, seu principal objetivo é tratar o câncer. A médica Maria Del Pilar Estevez, diretora de Corpo Clínico e coordenadora de Oncologia Clínica do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo) explica que “o tratamento do câncer pode ser feito de várias maneiras, uma delas é o uso de quimioterapia, mas também é possível utilizar hormonioterapia, radioterapia ou drogas de alvo molecular, que são drogas que foram desenhadas especificamente para o tratamento do câncer. Segundo a médica, “o objetivo dos tratamentos é aumentar a expectativa de vida dos pacientes e melhorar sua qualidade de vida. Nem todos os tratamentos de câncer levam à queda dos cabelos. Ela é mais comum com os quimioterápicos ou quando nós fazermos uma radioterapia diretamente no couro cabeludo”.

Queda de cabelos

O médico dermatologista Caio Lamunier, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, destaca que podem ocorrer três tipos diferentes de quedas de cabelo. “A gente tem a queda de cabelo chamada eflúvio telógeno, que acontece muito frequentemente com stress pós-parto, após cirurgia e acontece após tratamento de câncer. É uma queda de cabelo que recupera completamente o cabelo, que não cai por completo. A gente tem o eflúvio anágeno,  que é aquela queda de cabelo mais conhecida como o tratamento de câncer, em que a pessoa fica completamente careca de uma hora para outra, mas o cabelo também recupera completamente. Não tem dano no fio nem no bulbo piloso do cabelo, o que acontece é que o remédio, a quimioterapia, induz todos os fios a caírem e depois eles nascem de novo normalmente. Há também um terceiro tipo, a alopecia cicatricial, que acontece em algumas quimioterapias e mais comumente em radioterapia do couro cabeludo. Aí sim o bulbo do pelo morre e o cabelo não nasce mais naquela região.”

 

Caio Lamunier – Foto: Arquivo particular

O dermatologista destaca que a prevenção para a queda é diferenciada, uma vez que há vários tipos de tratamentos do câncer. Ele lembra que o cabelo costuma voltar a crescer e que a prevenção varia de caso para caso. Ele cita que “a alopecia da radioterapia, por exemplo, a gente consegue minimizar a dose de radiação ou a onda de radiação, para diminuir a chance de queda de cabelo, principalmente queda de cabelo cicatricial. Na quimioterapia você também pode mexer em doses, aumentar espaço entre as doses, o problema é que o intuito principal do tratamento é o tratamento do câncer. Então, é importante que a gente não perca isso de vista”. Lamunier lembra que existe uma bolsa térmica que pode minimizar a queda, dependendo do tratamento realizado, uma vez que ela diminui a circulação do medicamento no couro cabeludo.

Recursos como alternativa

Maria Del Pilar cita que muitas pessoas usam de alguns recursos para lidar com essa perda de cabelo durante o tratamento. Elas fazem “a substituição do cabelo com o uso de perucas, lenços, chapéus, ou algumas pacientes se sentem muito bem sem nenhum desses recursos, exibindo o couro cabeludo”. A psicóloga hospitalar, clínica e sexóloga do Icesp cita que não se deve invalidar os sentimentos  associados durante esse período e isso inclui tanto os homens quanto as mulheres. A interferência na imagem corporal das mulheres está relacionada a uma construção social do feminino. O cabelo representa muito o feminino. O psicólogo trabalha no resgate da autoestima. Nesse sentido, a indicação do uso de outros itens como turbantes, boinas e outras vestimentas ajuda muito.

Maria Del Pilar Estevez – Foto: Reprodução/YouTube

Normalmente, as mulheres são as que mais sofrem com a perda dos cabelos, mas Maria Del Pilar acredita que os homens também sentem a perda dos cabelos. Ela já viu vários jovens e idosos usando a touca térmica. As crianças também merecem destaque nesse processo de tratamento do câncer. “É importante preparar essas crianças para a perda de cabelos e de alguma maneira fazer com que elas participem desse processo de uma maneira simples, lúdica e positiva, mostrando que o objetivo para o futuro é a melhora do quadro clínico do paciente e a volta dos cabelos. Nesse momento, por mais difícil que seja, as escovas, tinturas, alisamento, chapinhas e quaisquer outros artifícios para deixar os cabelos mais bonitos devem ser evitados. Existem diversos tratamentos para acelerar a recuperação da queda dos cabelos. O ideal é procurar um dermatologista.”  


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